“Agora tem especialistas”: governo Lula lança programa para levar dignidade e reduzir filas no SUS — Com mais de 1,7 mil vagas, iniciativa quer enfrentar a falta de médicos especializados nos hospitais públicos brasileiros
Por Ronald Stresser | Sulpost
Aos 64 anos, dona Maria das Dores vive em Campina Grande, interior da Paraíba, e há mais de seis meses espera por uma consulta com um neurologista pelo SUS. “Meu braço treme sozinho, às vezes nem consigo segurar o copo. Mas dizem que o especialista só vem uma vez por mês, e só atende uns poucos”, conta com a voz embargada. A realidade de dona Maria é a mesma de milhares de brasileiros: a espera por um médico especialista pode significar mais que uma demora — pode significar a diferença entre viver ou adoecer em silêncio.
É por essas e outras histórias que o anúncio feito pelo governo federal nesta quarta-feira (24) tem ganhado destaque: o Ministério da Saúde publicou no Diário Oficial da União o edital do programa Agora Tem Especialistas, com a promessa de transformar o acesso à saúde especializada em todo o país.
Ao todo, serão abertas mais de 1,7 mil vagas para médicos especialistas, com atuação imediata em 635 postos a partir de setembro. O restante comporá um cadastro de reserva. As inscrições começam no dia 28 de julho, por meio da plataforma da Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS).
Quem sente dor tem pressa
Segundo levantamento da própria pasta, o Brasil tem médicos — mas eles estão mal distribuídos, concentrados em centros urbanos e longe das periferias, pequenas cidades e regiões de difícil acesso. “A fila é a face visível do abandono”, disse uma gestora de saúde do Paraná, que prefere não se identificar. “Nós temos equipamentos, temos demanda, mas não temos quem atenda. O povo está cansado de esperar.”
Formação, serviço e comunidade: novo modelo
O programa Agora Tem Especialistas é mais do que uma contratação — é uma proposta de educação em serviço, que une formação e atendimento direto à população. Os médicos selecionados receberão bolsa-formação de R$ 10 mil mensais e deverão atuar em hospitais e policlínicas do SUS, especialmente em regiões onde a carência é maior.
Durante 12 meses, os profissionais passarão por cursos de aprimoramento em 16 especialidades prioritárias, como oncologia, ginecologia, neurologia, e atenção a pessoas com deficiência. O foco está em reduzir o tempo de espera, diagnosticar doenças precocemente e fortalecer as redes de atenção especializada à saúde.
Serão 16 horas semanais de prática assistencial e outras quatro horas dedicadas a formação — com mentorias remotas e imersões em hospitais da Rede Ebserh e do Propadi-SUS.
Para se candidatar, os médicos devem ter certificação da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) ou título reconhecido pela Associação Médica Brasileira (AMB).
Saúde é direito, não privilégio
Em sua fala durante o anúncio, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, destacou que o programa “é um passo firme para garantir saúde como um direito de todos, não como um privilégio de quem pode pagar por um plano particular”.
Além dos médicos, o programa prevê também mil novas bolsas de residência para outras categorias da saúde, como enfermeiros, fisioterapeutas e psicólogos. É uma tentativa de reconstruir o que o governo chama de cuidado integral, oferecendo atenção especializada de forma humanizada e acessível.
Esperança em todo Brasil
A notícia reacende a esperança em comunidades onde a espera virou rotina. Em Manacapuru, no Amazonas, o clínico geral é quem tenta dar conta de tudo: do exame ginecológico à avaliação oncológica. “Eu me viro como posso”, disse um médico da região, que também aguarda a chegada de reforços. “Mas tem horas que a gente sente que está enxugando gelo.”
Com o Agora Tem Especialistas, o governo Lula acena com um novo horizonte. Um em que o SUS volta a respirar, levando atendimento digno para quem mais precisa — onde o médico não é um luxo, mas presença constante.
Serviço: como se inscrever
As inscrições para o programa começam em 28 de julho, por meio da Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS).
É necessário possuir título de especialista reconhecido pela CNRM ou AMB na área de atuação escolhida.
A duração da bolsa é de 12 meses, com carga de 20 horas semanais.
SUS: patrimônio do povo brasileiro
Criado em 1988 com a Constituição Cidadã, o Sistema Único de Saúde (SUS) é considerado uma das maiores políticas públicas de saúde do mundo, oferecendo desde vacinas até transplantes de forma gratuita. Seu maior desafio, no entanto, tem sido resistir ao sucateamento, à desigualdade regional e à falta de recursos humanos especializados.
Com o Agora Tem Especialistas, o Brasil dá um passo na direção contrária ao abandono: aposta na valorização do profissional e na escuta de quem mais sofre. Afinal, saúde não pode esperar — e o povo, tampouco.
📌 Com informações da Agência Brasil
Edição: Ronald Stresser
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