quinta-feira, 24 de julho de 2025

Preta Gil, Ozzy Osbourne e, agora, Hulk Hogan

Adeus, Hulk Hogan: morre a lenda norteamericana que virou mito dos ringues e personagem de destaque na cultura pop dos EUA

Por Ronald Stresser | Sulpost
 
Hulk Hogan era conhecido por sua personalidade típica do ringue americano e seu bigode loiro em formato de guidão.© Fayez Nureldine, AFP / Arquivo
 

Foi-se o herói de bandana vermelha, músculos titânicos e grito rasgado: “Whatcha gonna do, brother?”. Morreu Hulk Hogan, ícone inconfundível da luta livre americana e símbolo de uma era em que o ringue ultrapassava as cordas e invadia salas de estar, telas de cinema, palcos políticos e corações pelo mundo afora.

O lutador, cujo nome verdadeiro era Terry Bollea, nos deixou cercado pela família, aos 71 anos. Sua morte representa mais que o fim de uma carreira: é a despedida de uma era em que o exagero, o drama e a bravura forjavam mitos maiores que a própria vida. Hulk Hogan foi isso — um mito em carne, suor e espetáculo.

O nascimento do herói

Nascido em Augusta, na Geórgia, e criado em Tampa, na Flórida, Terry Gene Bollea se transformou em Hulk Hogan no final dos anos 1970. Com seu porte colossal, longos cabelos loiros, cavanhaque de motoqueiro e carisma inegável, Hogan se tornou rapidamente o rosto da World Wrestling Federation (hoje WWE) durante os anos 1980.

Mas ele era mais que um campeão do wrestling. Era um símbolo da cultura americana daquela década: hiper-musculoso, patriótico, destemido e midiático. Participações em programas como Saturday Night Live, The Tonight Show com Johnny Carson, e filmes como Rocky III e Mr. Nanny o alçaram à condição de superstar. Uma figura que não apenas vendia pay-per-views, mas também bonecos, camisetas e ideais.

A legião de fãs, autodenominada “Hulkamaniacs”, seguia à risca os três mandamentos de seu ídolo: "Train, say your prayers, eat your vitamins" — treine, reze e tome suas vitaminas.

Da glória à escuridão: o vilão Hollywood Hogan

Na metade dos anos 1990, Hogan deixou a WWE e foi para a rival WCW. Mas ali, algo mudou. Os aplausos deram lugar às vaias. O herói de vermelho e amarelo se tornava previsível. E, como nos melhores roteiros de redenção, foi preciso que Hogan se reinventasse — dessa vez, como vilão.

Em 1996, nascia "Hollywood Hogan", líder da temida facção New World Order (nWo). Era a ruptura com tudo que ele representava antes. E, ironicamente, foi também a virada que salvou sua carreira. O vilão foi ovacionado. Pela primeira vez, o público aplaudia a ousadia de ser odiado.

Essa nova versão deu ao wrestling uma profundidade narrativa inédita — e mostrou que o Hulk Hogan de carne e osso sabia mais sobre espetáculo do que muitos atores de Hollywood.

Polêmicas e queda de imagem

Como todo gigante, Hogan teve quedas dolorosas. Em 1994, seu nome apareceu no escândalo de esteroides anabolizantes que abalou a WWE. Ele admitiu o uso das substâncias, mas negou que tivesse agido por ordem de Vince McMahon, o poderoso chefão da liga. O caso terminou com McMahon absolvido — e Hogan com a imagem manchada.

Em 2012, um vídeo íntimo divulgado sem consentimento resultou em um processo contra o site Gawker. A vitória foi esmagadora: Hogan recebeu US$ 140 milhões em indenização, mais tarde reduzidos para um acordo de US$ 31 milhões.

Mas a ferida mais grave veio em 2015, com a divulgação de um áudio gravado anos antes no qual Hogan proferia ofensas racistas. Ele foi demitido da WWE e removido temporariamente do Hall da Fama. Em entrevista ao Good Morning America, tentou se explicar:

“Não sou racista, mas nunca deveria ter dito o que disse. Foi errado. Estou envergonhado. As pessoas precisam entender que você herda coisas do ambiente. E onde eu cresci, em Port Tampa, era uma vizinhança muito difícil. Meus amigos usavam aquela palavra para se cumprimentar.”

O perdão foi lento, mas chegou. Em 2018, ele foi reintegrado à WWE. Em 2021, voltou a brilhar como apresentador da WrestleMania 37 ao lado de Titus O’Neil.

Patriota e o showman até o fim

Mesmo aposentado, Hogan nunca saiu de cena. Em julho de 2024, subiu ao palco da Convenção Nacional Republicana para endossar seu velho amigo Donald Trump. Rasgou a camisa — gesto icônico de sua carreira — e revelou uma camiseta com os dizeres “Trump-Vance 2024”. Um último ato teatral, político e provocativo.

“Conheço esse homem há mais de 35 anos. Sempre foi o maior patriota que conheci, e ainda é, irmão!”, bradou Hogan, com o fervor de seus melhores dias no microfone.

Legado que jamais será apagado

Hulk Hogan foi casado três vezes. Teve dois filhos com sua primeira esposa, Linda Bollea. Casou-se com Jennifer McDaniel em 2010, de quem se separou em 2021. Em julho de 2023, anunciou seu noivado com a instrutora de ioga Sky Daily, com quem se casou dois meses depois.

Hogan deixa Sky, seus dois filhos, e um legado que ultrapassa gerações. Foi o primeiro grande ídolo global do wrestling, pavimentando o caminho para nomes como Dwayne “The Rock” Johnson, John Cena e tantos outros.

Ele foi herói e vilão. Idolatrado e cancelado. Forte como um deus nórdico do ringue, mas humano como todos nós.

Hoje, o universo do entretenimento perde um de seus pilares. E o mundo, um personagem maior do que a própria vida. Hulk Hogan pode ter saído de cena — mas o espetáculo que ele criou nunca vai acabar. E pra quem não escrevia obituário faz tempo, já são três no mesmo mês: Preta Gil, Ozzy Osbourne e agora o Hulk Hogan...

📷 "Say your prayers and eat your vitamins", Hogan sempre dizia. Agora, cabe aos fãs manter a chama da Hulkamania acesa.

📍 Com informações da rede de TV norteamericana ABC e jornal The New York Times |Ronald Stresser, para o Sulpost — Jornalismo de carne e osso.

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