quarta-feira, 23 de julho de 2025

Prevenção: BNDES aprova R$150 milhões para combate a incêndios

R$150 milhões para apagar as chamas da destruição: Brasil reage ao fogo no Cerrado e no Pantanal

Por Ronald Stresser | Sulpost

 
Tv Brasil 

No Planalto Central do Brasil Central, o tempo parece ter parado em meio às cinzas. Em 2024, o fogo não foi apenas uma tragédia ambiental — foi um grito de socorro. O Cerrado queimou como nunca: 9,7 milhões de hectares consumidos. O Pantanal, santuário da vida selvagem, perdeu 1,9 milhão de hectares para as chamas. A cada hectare devastado, uma história de vida se perdeu — e com ela, o equilíbrio de ecossistemas inteiros. Agora, finalmente, uma resposta à altura começa a tomar forma.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) acaba de aprovar a destinação de R$150 milhões em recursos não reembolsáveis do Fundo Amazônia para o projeto Manejo Integrado do Fogo, voltado à prevenção e combate de incêndios no Cerrado e no Pantanal. A iniciativa marca uma mudança de paradigma: é a primeira vez que o fundo, historicamente voltado à Amazônia Legal, amplia seu alcance para outros biomas ameaçados.

A proposta partiu do Ministério da Justiça e Segurança Pública, mas o projeto é fruto de uma construção conjunta entre ministérios, governos estaduais e comunidades locais. Um esforço que traduz o entendimento de que só é possível enfrentar o fogo com união — e ação rápida.

Resposta tardia, mas urgente

"O avanço dos incêndios florestais e das queimadas não autorizadas exige uma resposta emergencial e integrada do Estado brasileiro", afirma Aloizio Mercadante, presidente do BNDES. Ele destaca que os eventos de 2024 não foram apenas extremos, mas atípicos, impulsionados pelas mudanças climáticas e pelo desmonte das políticas ambientais nos últimos anos.

Segundo Mercadante, o projeto não apenas busca conter o fogo — ele representa um pacto nacional pela vida. “Sob orientação do presidente Lula, estamos ampliando as ações de monitoramento e controle de incêndios florestais e queimadas”, ressaltou.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, vai além: “Para que o Brasil tenha uma governança do fogo à altura dos desafios impostos pela mudança do clima, é crucial que todos os entes federativos estejam fortalecidos”. Ela enfatiza que os recursos do Fundo Amazônia serão cruciais para reestruturar os Corpos de Bombeiros dos estados mais vulneráveis, além de garantir a atuação da Força Nacional de Segurança Pública em operações conjuntas.

Rede de defesa local, estadual e nacional

O projeto está estruturado em três frentes:

Local: brigadas florestais formadas por moradores das comunidades, treinados e integrados aos Corpos de Bombeiros. Eles são a linha de frente, os primeiros a chegar — muitas vezes, antes mesmo do Estado.

Estadual: reforço às estruturas dos bombeiros com caminhões-tanque, auto bombas, bombas costais, sopradores e drones. Equipamentos modernos para um combate eficiente e seguro.

Interestadual: fortalecimento da Força Nacional para atuação conjunta em grandes incêndios, com viaturas especializadas, guinchos, notebooks e GPS de última geração.

Os estados beneficiados nesta primeira etapa são Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Piauí e o Distrito Federal. Cada um deles deverá firmar parcerias formais com o Ministério da Justiça, comprometendo-se com a conservação dos equipamentos e a aplicação rigorosa dos recursos.

Dor que virou resistência

No solo ressecado do Pantanal, ainda há ribeirinhos que relatam noites sem sono, cercados pelas labaredas. No Cerrado, indígenas e quilombolas lutam para proteger suas terras ancestrais. Para eles, o fogo não é metáfora — é realidade. Realidade que destrói cultivos, afugenta animais, consome histórias.

“Estamos nos antecipando a problemas futuros, utilizando a experiência dos combates às queimadas que tivemos nos últimos anos para avançar”, afirmou o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

O ministro também revelou que o governo federal trabalha em um projeto de lei que endurece as penas para incêndios criminosos, atualmente em tramitação no Congresso Nacional.

Segundo ele, o combate ao fogo também será um combate à impunidade. A expectativa é que, com a integração entre Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional e bombeiros estaduais, o Brasil possa não apenas apagar incêndios, mas evitar que comecem.

Esperança no horizonte

Há muito o que salvar — e ainda há tempo. Mas o relógio climático não perdoa. A temporada seca de 2025 já começou, e os primeiros focos de incêndio surgem como prenúncio de novos desastres. A destinação dos R$150 milhões é um passo decisivo, mas precisará de continuidade, vigilância e mobilização social.

O Cerrado e o Pantanal não são apenas biomas. São berços de água, biodiversidade e cultura. São parte da alma brasileira. Quando eles queimam, algo em nós também se incendeia — um senso de urgência, de dever coletivo.

Que este seja o início de uma nova história: onde o fogo não tenha mais a última palavra.

📍Com informações da Agência Brasil, Ministério do Meio Ambiente, BNDES, Ministério da Justiça e Segurança Pública. Edição: Ronald Stresser | Jornalista independente

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