Brasil acelera rumo ao futuro verde: programa que zera IPI de carros sustentáveis marca compromisso com a responsabilidade em ser o país sede da COP30
Programa MOVER: preocupação ambiental e justiça social - Júlio César Silva |
Num momento em que o mundo se volta ao Brasil com grandes expectativas para a COP30, que será realizada em Belém do Pará, o país responde não apenas com discursos, mas com ações concretas. Entre elas, um passo emblemático: o lançamento do programa que zera o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para veículos mais econômicos, de maior eficiência energética e fabricados em território nacional. A medida, prevista no programa MOVER (Mobilidade Verde e Inovação), é mais do que uma estratégia fiscal — é um símbolo de que o Brasil quer conduzir seu próprio caminho rumo ao desenvolvimento sustentável.
“O Brasil está dando um exemplo ao mundo no ano da COP30”, disse com entusiasmo o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, durante o lançamento do programa, realizado no Palácio do Planalto. “Estamos estimulando a descarbonização, a sustentabilidade e, ao mesmo tempo, ajudando a população, gerando emprego e renda.”
Mas a importância da iniciativa vai além das falas institucionais. Ela representa uma mudança de mentalidade num país historicamente pressionado a escolher entre crescimento econômico e proteção ambiental. Agora, o governo aposta que é possível conciliar ambos — e, mais ainda, transformar essa conciliação em oportunidade.
Um novo modelo em mobilidade
O programa MOVER propõe mais do que incentivos fiscais. Ele estrutura uma lógica de premiação à inovação sustentável. Carros compactos que emitam menos de 83g de CO₂ por quilômetro, utilizem mais de 80% de materiais recicláveis, sejam produzidos no Brasil e tenham alto desempenho em segurança e eficiência energética terão IPI zerado. A intenção é clara: renovar a frota brasileira com veículos menos poluentes, mais acessíveis e fabricados com tecnologia nacional.
“O IPI Verde não é só uma questão tributária. Ele é, na prática, uma política ambiental que vai se refletir nas ruas, no ar que respiramos e no bolso das famílias”, destacou Fernando Haddad, ministro da Fazenda. Ele lembra que a medida não aumenta a carga tributária — é fiscalmente neutra — mas tem impacto direto na qualidade de vida e no desenvolvimento industrial do país.
O programa também tributa com mais rigor os veículos que mais poluem e consomem energia, estabelecendo alíquotas maiores para carros movidos exclusivamente a gasolina ou diesel, mesmo quando híbridos. Já os elétricos, híbridos flex-fuel ou movidos a etanol terão vantagens expressivas na tributação.
Tecnologia nacional e futuro promissor
A iniciativa já provoca reação positiva no setor produtivo. As montadoras instaladas no Brasil anunciaram, até o momento, R$ 190 bilhões em investimentos, que envolvem desde fábricas de autopeças até o desenvolvimento de novas tecnologias.
“O MOVER nos dá previsibilidade. Isso nos permite investir não apenas em veículos, mas em inovação, em engenheiros, em pesquisa. Estamos fortalecendo a cadeia nacional”, afirmou Igor Calvet, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
E mais: o programa exige que as principais etapas da produção ocorram no Brasil — como soldagem, pintura, fabricação de motor e montagem. Isso não apenas gera empregos como posiciona o país como referência global em mobilidade sustentável.
Justiça social sobre rodas
Além da pegada ambiental, o novo modelo também carrega um caráter fortemente social. Com a queda no preço dos chamados “carros de entrada”, mais brasileiros poderão ter acesso a veículos 0km. É o caso de carros populares, que devem ficar mais baratos para famílias de menor renda, permitindo mobilidade com menor custo de manutenção e menor impacto ambiental.
Essa lógica contrasta com velhas políticas públicas que, muitas vezes, beneficiavam mais quem já tinha acesso ao consumo. Agora, a política se volta ao equilíbrio: poluiu mais, paga mais; poluiu menos, tem desconto. Renda maior, mais imposto; renda menor, mais incentivo. Como disse Haddad, é uma política “progressiva, inclusiva e verde.
Um Brasil que inspira
O país que será palco da 30ª Conferência do Clima da ONU em 2025 quer chegar à COP30 com legitimidade. E isso não se constrói com promessas, mas com atos. O IPI Verde, o Carro Sustentável e o programa MOVER são algumas das engrenagens dessa virada de chave.
Nos corredores do Planalto, o clima é de otimismo. Mas, nas ruas, o verdadeiro impacto será medido pelo acesso da população aos veículos mais limpos e pela redução concreta das emissões. A expectativa é que até 60% dos carros comercializados no país já contem com algum nível de desconto no IPI com base nos critérios do MOVER.
A pergunta que o mundo faz — se o Brasil está pronto para liderar a agenda climática global — começa a ser respondida, carro a carro, tecnologia a tecnologia. O Brasil não espera a COP30 para mostrar ao mundo seu compromisso. Já está agindo. E, no caminho do desenvolvimento sustentavel e da economia verde que o país escolheu, quem ganha é o futuro.
- Com informações do Ministério da Fazenda, Palácio do Planalto, MDIC, Diário Oficial da União, Anfavea - Foto: Júlio César Silva/MDIC - Reportagem: Ronald Stresser | Sulpost
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