domingo, 13 de julho de 2025

A sonda Parker e o voo mais íntimo da humanidade junto ao astro-rei

Toque no Sol: Sonda da NASA faz história ao registrar imagens mais próximas já captadas da estrela que nos dá a vida — Sonda Parker realiza o voo mais íntimo da humanidade com o astro-rei

Por Ronald Stresser | Sulpost

 
Foto: Divulgação/NASA
 

Em dezembro de 2024 uma barreira cósmica foi quebrada por uma aproximação histórica. A 6,1 milhões de quilômetros da superfície escaldante do Sol — uma distância que, para os padrões espaciais, é praticamente um passo — a sonda Parker Solar Probe, da NASA, eternizou em imagens e dados algo que, por séculos, parecia inalcançável: o coração flamejante da estrela que nos dá a vida.

As imagens mais próximas já registradas do Sol não são apenas uma conquista tecnológica. Elas são, sobretudo, uma jornada íntima da humanidade rumo ao desconhecido — um olhar direto para a força que pulsa no centro do nosso sistema solar, como quem, pela primeira vez, encara os olhos do tempo.

Lançada em agosto de 2018, a Parker nasceu com a missão ousada de atravessar a coroa solar, a camada mais externa da atmosfera do Sol, onde temperaturas ultrapassam 1.377ºC. Para isso, carrega consigo um escudo térmico de carbono de 11 centímetros de espessura. É pouco, se pensarmos no que está do outro lado: um mar de plasma fervente, campos magnéticos selvagens e um brilho que cega — mas é exatamente aí que mora o mistério que os cientistas querem decifrar.

Foi em 2021 que a Parker cruzou a coroa solar pela primeira vez. Três anos depois, em sua aproximação mais ousada, os instrumentos a bordo registraram, com nitidez sem precedentes, o chamado vento solar — um fluxo constante de partículas carregadas que escapam da gravidade solar e serpenteiam o espaço, tocando planetas, gerando auroras boreais e, por vezes, ameaçando nossas redes elétricas e satélites.

“Estamos testemunhando onde as ameaças climáticas espaciais à Terra começam, com nossos olhos, não apenas com modelos”, declarou Nicky Fox, administradora associada da Diretoria de Missões Científicas da NASA. “Esses novos dados nos ajudarão a aprimorar significativamente nossas previsões climáticas espaciais para garantir a segurança de nossos astronautas e a proteção de nossa tecnologia aqui na Terra e em todo o Sistema Solar.”

Nicky fala com a serenidade de quem sabe: não se trata apenas de conhecer o Sol por curiosidade científica. É uma questão de segurança, de proteção da vida e da infraestrutura em um mundo cada vez mais dependente da tecnologia. A cada tempestade solar que atinge nosso planeta, satélites podem ser desativados, sistemas de navegação prejudicados, e até redes elétricas inteiras correm o risco de colapsar.

A Parker, em seu voo rasante, nos oferece mais do que dados. Ela nos dá uma chance real de antecipar o caos e, quem sabe, evitar catástrofes silenciosas que se anunciam em partículas invisíveis.

Ao final de sua missão, prevista para 2025, a sonda terá completado 24 órbitas ao redor do Sol. Duas ainda restam. Duas danças incandescentes com a estrela que nos rege, em busca de respostas sobre como nascem as tempestades espaciais, sobre o que move o clima cósmico — e, talvez, sobre o que ainda não sabemos que precisamos saber.

Enquanto a Parker se aproxima, corajosa e solitária, do coração solar, fica a sensação de que algo profundo se move em nós também. Porque explorar o Sol é, em essência, explorar a nós mesmos: nossa sede de compreender, nossa vontade de sobreviver, nossa eterna curiosidade diante da vastidão do Universo.

📍 Com informações da NASA e da CNN.

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