Peixes migradores provam eficácia do Canal da Piracema e revelam vitalidade do Rio Paraná
Por Redação Sulpost | Com informações do Catve.com e Itaipu Binacional![]() |
O canal da piracema - Foto: Alexandre Marchetti/Itaipu |
O comportamento de peixes migradores ao longo do Rio Paraná tem revelado boas notícias para o meio ambiente. Um sistema de monitoramento implantado pela Itaipu Binacional está demonstrando não apenas a vitalidade das espécies que habitam o reservatório da usina, mas também a eficácia de estruturas como o Canal da Piracema, responsável por manter a conectividade entre os ecossistemas aquáticos da região.
Desde 2009, a Itaipu utiliza a tecnologia de telemetria PIT (Passive Integrated Transponder) para acompanhar a movimentação dos peixes. Os marcadores, inseridos sob a pele dos animais, não possuem bateria e são ativados por campos eletromagnéticos gerados por antenas estrategicamente posicionadas. Desde então, mais de 12 mil peixes de 42 espécies diferentes foram marcados.
As antenas instaladas ao longo do Canal da Piracema — e também na usina de Porto Primavera, rio acima — possibilitam o rastreamento desses animais por anos. Um exemplo impressionante veio de três piaparas marcadas em novembro de 2022, que migraram pelo rio em momentos distintos, passando pela escada de peixes de Porto Primavera entre 2023 e 2024. Isso comprova que a estrutura de interligação aquática funciona e que os peixes conseguem cumprir seus ciclos reprodutivos, mesmo em um cenário modificado pela presença de barragens.
“É importante para a Itaipu acompanhar essas movimentações porque elas comprovam que o Canal da Piracema está cumprindo seu papel de interconectividade, de corredor biológico”, afirmou Caroline Henn, bióloga da Divisão de Reservatório da Itaipu. Ela destacou ainda que diferentes espécies demonstram comportamentos migratórios diversos: enquanto as piaparas utilizam o leito principal do rio, os pacus preferem migrar pelos afluentes, como os rios Piquiri, Ivaí e Ocoy.
Outro dado relevante veio do pescador paraguaio Adelino Heck, que capturou um pacu de quase 9 quilos no dia 7 de maio deste ano, na localidade de Puerto Torocuá, cerca de 150 km rio abaixo da Itaipu. O peixe havia sido marcado em 2019 em Itaipulândia, mas nenhuma antena do Canal da Piracema registrou sua passagem. A hipótese mais provável é que ele tenha atravessado a barragem pelas turbinas da usina, o que surpreendeu até os pesquisadores.
Com mais de 100 mil hectares de Mata Atlântica protegidos, o reservatório da Itaipu tem se consolidado como um refúgio para a ictiofauna da região, permitindo não apenas a sobrevivência, mas também a migração natural de várias espécies. A pesquisa com telemetria, por sua vez, tem sido essencial para aprofundar o conhecimento sobre o comportamento dos peixes de água doce — um campo ainda pouco explorado na ciência.
Para a Itaipu, o monitoramento da biodiversidade reforça seu compromisso com a responsabilidade socioambiental. Desde sua inauguração, em 1984, a usina já gerou mais de 3 bilhões de megawatts-hora de energia limpa e renovável, sendo referência mundial em sustentabilidade. Com 20 unidades geradoras e 14 mil megawatts de potência instalada, Itaipu é mais que uma hidrelétrica: é um agente de transformação ambiental e social entre Brasil e Paraguai.
Edição: Ronald Stresser
Nenhum comentário:
Postar um comentário