Por Ronald Stresser| com base em dados do BlackRock Investment Institute
Enquanto você lia as manchetes da semana ou decidia o que colocar no carrinho do mercado, o mundo dava mais um giro inesperado — daqueles que, mesmo à distância, balançam a economia com a força de um terremoto silencioso.
Israel atacou instalações nucleares do Irã. O petróleo disparou 11%. E a inflação nos Estados Unidos voltou a nos lembrar que os tempos fáceis ficaram para trás.
Ainda que o impacto das tarifas impostas recentemente não tenha sido totalmente absorvido pelos preços, já há sinais de que elas estão, pouco a pouco, infiltrando-se nos rótulos das prateleiras, sobretudo de produtos como eletrodomésticos. A conta chega — como sempre — pelos caminhos mais invisíveis.
Mas não é só isso. O relatório semanal da BlackRock Investment Institute, uma das maiores gestoras de investimentos do planeta, nos dá um alerta: estamos vivendo uma era de volatilidade permanente.
É como se o mundo tivesse entrado em um novo regime — não mais guiado pela estabilidade dos anos 2000, mas por uma nova lógica, onde cinco megaforças ditam as regras do jogo:
- Populações envelhecendo nos países ricos, enquanto os emergentes ainda são jovens.
- Inteligência Artificial e disrupção digital transformando empregos, empresas e economias.
- Fragmentação geopolítica, com blocos cada vez mais isolados e interesses cada vez menos compartilhados.
- O futuro das finanças, com novos modelos de crédito, moeda e gestão.
- A transição energética, que exige um redesenho radical de como o mundo gera e consome energia.
Essas megaforças estão mexendo com tudo: das bolsas de valores às decisões dos bancos centrais. O Federal Reserve (Fed), o banco central americano, por exemplo, está de mãos atadas. A inflação ainda não está sob controle, o mercado de trabalho segue apertado e a dúvida sobre os efeitos das tarifas o impedem de cortar juros com a liberdade que já teve no passado.
Na Europa, o Banco Central já começou a afrouxar a política monetária, mas com o freio de mão puxado — afinal, com o crescimento revisto para baixo e os riscos energéticos vindos do Oriente Médio, ninguém quer errar o passo.
Em meio a tudo isso, o relatório da BlackRock reforça um ponto que talvez interesse diretamente o pequeno investidor, o gestor público e até aquele leitor atento que busca entender onde estamos pisando: a era das decisões fáceis acabou. Investir, produzir, consumir, governar — tudo hoje exige uma leitura mais fina do mundo.
Ainda assim, há apostas feitas com convicção pelos estrategistas globais da gestora. Acredita-se, por exemplo, que as ações dos Estados Unidos seguirão liderando no médio prazo, puxadas pela produtividade que a Inteligência Artificial promete. O mesmo vale para o Japão, onde as reformas pró-acionistas e o retorno da inflação deram nova vida ao mercado. Infraestrutura e crédito privado também são vistos como refúgios estratégicos em um mundo de incertezas.
E se você está se perguntando o que tudo isso tem a ver com sua realidade local, pense no preço do combustível, nos juros do financiamento, nos custos dos alimentos importados, no futuro dos empregos ligados ao comércio exterior, nas oportunidades em inovação que estão surgindo — e no que os governos precisarão decidir frente a essa nova onda de pressões globais.
O mundo está em transição. E como toda transição, ela traz consigo riscos, dores e oportunidades.
Mais do que nunca, entenderem o presente é a melhor forma de se proteger do futuro.
Fonte: BlackRock Investment Institute – Comentário Semanal | 16 de junho de 2025 — Edição Sulpost.


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