quarta-feira, 25 de junho de 2025

Entre geadas e vinhos, assim é o inverno na região Sul

Um cálice por dia faz bem à saúde — e ainda melhor ao espírito, sobretudo quando o frio convida ao aconchego. Não é só em Curitiba, o vinho é parte inalienável da tradição sulista

Por Ronald Stresser, para o Sulpost

 
 

Curitiba e região se encontram no embalo dos dias cada vez mais frios. Se por aqui o inverno é famoso pelo charme dos agasalhos — casacos de lã, cachecóis e botas —, também ganha um aliado delicioso: o vinho. Não por acaso, a bebida vermelha ou branca se torna presença garantida na mesa, em encontros entre amigos, fins de semana preguiçosos e noites românticas.

A sensação do calor

O vinho provoca uma sensação térmica real, ainda que passageira. O álcool dilata os vasos sanguíneos próximos à pele, levando o sangue para a superfície do corpo. É isso que gera aquela ruborizada no rosto e a impressão de calor. Internamente, a temperatura pode até cair — mas não importa: o calor que o vinho oferece é mais simbólico do que científico. E talvez aí esteja seu maior charme.

Sul, a região que abraça o vinho

Na região sul do Brasil, especialmente no Paraná, os dias mais rigorosos impulsionam o consumo da bebida, muito tradicional, especialmente entre os mais velhos. Enquanto vinhos brancos barricados combinam bem com pratos cremosos, os tintos encorpados — como tannats e cabernets — são perfeitos para harmonizar com assados típicos, massas, polentas e fondues da estação.

Em Curitiba, esse movimento segue à risca: a união entre vinho e fondue, que é tradição em lares, bares e restaurantes que aproveitam o frio para criar experiências memoráveis. Outra combinação clássica é a carne de onça, acompanhada por um bom tinto da região, que também harmoniza muito bem com pinhão — que pode ser frito, enrolado numa fatia de bacon.

Roteiro local de taças e abraços

Curitibanos têm à mão mais do que a grande seleção de vinícolas típicas do Sul, como as da Serra Gaúcha. A produção local, nos chamados “Campos de Curitiba”, ganha espaço com vinhos de mesa refinados, feitos a partir de uvas como a Terci (ou Bordô), e sustentando pequenos roteiros turísticos por cidades como Colombo e São José dos Pinhais, e, é claro, em Santa Felicidade, o bairro italiano da capital paranaense.

É o vinho com sotaque regional, valorizando o terroir paranaense e reforçando o charme dos encontros no frio que, em algumas noites, transcende o zero grau.

Quentão, o vinho do inverno paranaense

Além das taças tradicionais, há o “quentão” feito com vinho, gengibre, casca de laranja, cravo e canela — outra forma de vivenciar aquecimento com sabor. Com o cozimento o álcool evapora, então há os que adicionam uma dose de cachaça à mistura, antes de servir. Com gemada, dizem, vira afrodisíaco.

No sul, a bebida quente e aromática vai além das quermesses e festas juninas. Ela habita lares, rodas de conversa e esquenta tanto mãos quanto memórias. Inverno é sinônimo de quentão, bebida que na época mais fria do ano pode ser encontrada em todas as feiras livres da capital paranaense.

Rótulos certos para a estação

Para quem deseja experimentar, os rótulos encorpados — tanto brasileiros quanto importados — fazem bonito na mesa de inverno: tannat da Campanha Gaúcha, sangioveses italianos, pinot noirs franceses e até brancos barricados são escolhas acertadas para harmonizar com queijos, carnes e chocolates.

O fondue, por exemplo, se transforma com um bom chardonnay ou sauvignon blanc, enquanto os tintos leves acompanham carnes e sobremesas com elegância, e, quando se fala em sobremesa, sempre é bom nos lembrarmos do Vinho do Porto, típico vinho de sobremesa.

Um brinde ao bem-estar

Se há estudos que comprovam que um cálice por dia pode ser benéfico à saúde, o efeito emocional do vinho no inverno é ainda mais evidente. A bebida convida à pausa, à conversa demorada, ao prazer de estar junto. Aquece, não só o corpo — mas a alma.

No inverno curitibano, no inverno de toda a Região Sul do Brasil, o vinho não é apenas uma bebida. É rito, afeto, calor e carinho em forma líquida. Um brinde à estação que nos pede mais presença, mais silêncio e mais taças compartilhadas. Salut!

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