Trump baixa as cartas na mesa: cortes de tarifas sobre a China revelam a mão de um jogador experiente
Por Ronald Stresser*Quem já sentou à mesa de pôquer sabe que, às vezes, o blefe é tão poderoso quanto a carta na manga. Donald Trump, ex-presidente, magnata do mercado imobiliário e veterano dos cassinos de Atlantic City, parece ter retomado sua persona favorita: a do jogador que aposta alto, mas que também sabe recuar na hora certa — para ganhar ainda mais adiante.
Depois de inflamar o tabuleiro global com uma avalanche de tarifas que chegaram a 145% sobre produtos chineses, Trump agora prepara um movimento que pode mudar o rumo da guerra comercial: baixar essas taxas para algo entre 50% e 54%. A informação, revelada por fontes ouvidas pelo New York Post, circula nos bastidores de Washington e Zurique, onde as próximas rodadas de negociações entre EUA e China devem acontecer já na próxima semana.
O gesto, ainda informal, vem como uma tentativa de reabrir canais diplomáticos e reequilibrar as forças entre as duas maiores economias do mundo. Mais do que isso: é um sinal calculado, que joga com a percepção global e testa os limites do adversário.
“Trump não está apenas negociando tarifas. Ele está redesenhando o jogo inteiro”, avalia uma fonte diplomática próxima ao processo. “E, como todo bom jogador, ele sabe que às vezes vale mais a pena dobrar a aposta do que comprar uma briga.”
A volta do mestre dos cassinos
Não é de hoje que Donald Trump joga no limite. Nos negócios, nos palanques, nos reality shows e na geopolítica, seu estilo sempre foi o do choque. Mas é nos bastidores — como nos cassinos que já controlou em Nova Jersey — que ele realmente se move com maestria. Lá, aprendeu a blefar, recuar, negociar dívidas e reerguer impérios falidos. Na Casa Branca, parece usar o mesmo instinto.
Em abril, o mundo assistiu a um verdadeiro tarifaço. O governo Trump elevou tributos sobre dezenas de países — e deixou claro que a China, seu rival preferencial, levaria o golpe mais pesado. Pequim respondeu com a mesma moeda: taxas de até 125% sobre produtos americanos. O conflito comercial se intensificou e, com ele, o medo de uma nova recessão global.
Mas Trump nunca quis uma guerra comercial total. Ele quer vencer — no seu próprio jogo. Ao sinalizar agora a redução das tarifas, ele não está abrindo mão da pressão. Está apenas virando o tabuleiro.
China, Índia e o Sul Global no radar
Segundo as fontes ouvidas pelo Post, não é só a China que pode se beneficiar. Países do Sul da Ásia, como Índia, Bangladesh e Vietnã, também estão na mira de ajustes positivos: tarifas reduzidas para cerca de 25%. O movimento mira em algo maior que um acordo bilateral — é uma tentativa de redesenhar o tabuleiro comercial para além do Ocidente.
Do lado chinês, a expectativa é de que a mudança nas tarifas abra espaço para concessões mútuas — e que o simbolismo do gesto de Trump possa destravar impasses antigos, como as disputas sobre propriedade intelectual e tecnologia.
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, já se apressou em defender a manobra. Em tom patriótico, disse que Trump está “liderando o caminho rumo à segurança econômica e nacional” e que seu objetivo é tornar os EUA “mais fortes e prósperos”. Mas no fundo, todos sabem: estamos diante de um jogo de estratégia, e não de ideologia.
A carta que falta
Para quem observa de fora, o jogo ainda está em aberto. Trump, como sempre, mantém a ambiguidade: fala em baixar tarifas, mas garante que elas “nunca serão zero”. Deixa a China em alerta, acalma os mercados e agrada setores da economia americana que vinham reclamando dos preços inflacionados.
Nos bastidores, diplomatas chineses analisam cada movimento com frieza milenar. Sabem que o presidente americano joga para sua audiência interna — mas também reconhecem que há uma abertura real para reconstruir pontes.
Enquanto isso, o resto do mundo observa em silêncio. Do lado europeu, as potências aguardam um desfecho para saber onde se posicionar. Do lado do Sul Global, o gesto de Trump pode ser lido como uma brecha para novas parcerias, menos centralizadas no eixo Washington-Pequim.
A próxima rodada de negociações em Zurique promete ser decisiva. Mas ninguém espera uma resolução rápida. Afinal, como todo grande jogador, Trump sabe que a última carta só deve ser revelada quando a tensão estiver no auge — e os outros já tiverem mostrado suas mãos.
*com informações do The New York Post.


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