Brasileiros aprovam o Papa Francisco e pedem sucessor voltado à inclusão, mostra pesquisa AtlasIntel feita com exclusividade para o programa GPS da CNN
Por Ronald Stresser*Em tempos de incerteza, uma certeza brota forte no coração dos brasileiros: a Igreja Católica precisa continuar olhando para os mais vulneráveis, para os que precisam ser ouvidos e acolhidos. Às vésperas de uma escolha que pode redesenhar o futuro da fé, a voz das ruas, das praças e dos lares se uniu em um pedido: que o próximo papa siga o espírito de Francisco — com olhos atentos às causas sociais e mãos sempre abertas para o diálogo.
Essa vontade coletiva foi captada pela pesquisa AtlasIntel, realizada entre os dias 20 e 24 de abril, encomendada pela CNN Brasil. Foram 1.800 brasileiros de diferentes cantos do país que, ao responderem às perguntas, deixaram escapar algo maior do que simples opiniões: deixaram transparecer sonhos, esperanças e a busca por uma Igreja que caminhe ao lado dos desafios do mundo atual.
A mensagem foi clara e carregada de afeto: 66,4% dos entrevistados aprovam o legado de Francisco. Entre eles, 44,4% consideram seu papado "ótimo" e 22% o classificam como "bom" — uma aprovação que ultrapassa números e se transforma em gratidão por uma liderança que abriu portas, escutou feridas e lançou pontes onde antes havia muros.
Ao serem questionados sobre o perfil ideal para o próximo pontífice, a maioria também sinalizou a mesma direção: 42% defendem um papa progressista, focado em temas sociais, inclusão e diálogo. Outros 30,1% preferem um líder mais conservador, voltado à tradição e à doutrina moral rígida. Uma parcela de 18,6% sugeriu um perfil de equilíbrio entre tradição e renovação, e 9,3% não souberam opinar.
Mudanças no cenário religioso
A pesquisa também revela como os brasileiros percebem a força do catolicismo no país. Para 56,9% dos entrevistados, a Igreja vem perdendo espaço nos últimos anos. Um quinto dos participantes (19,2%) acredita que o cenário permanece igual, e apenas 18% enxergam crescimento da religião no Brasil.
Essa percepção caminha lado a lado com o avanço das igrejas evangélicas, especialmente no campo político e social. Ainda assim, 67,1% dos brasileiros ouvidos pela AtlasIntel afirmam que o crescimento evangélico não é culpa da condução da Igreja Católica, mas sim um fenômeno independente. Para 26%, porém, o avanço evangélico tem relação direta com falhas da Igreja.
Uma disputa além da fé
O retrato que emerge da pesquisa se encaixa em um cenário político e religioso em ebulição no Brasil. A relação entre política e fé tem ganhado contornos cada vez mais intensos, principalmente com o crescimento do eleitorado evangélico — hoje, uma base decisiva para projetos eleitorais à direita.
Enquanto o presidente Lula ainda tenta dialogar com esse público, com acenos desde a campanha de 2022, incluindo uma carta aberta aos evangélicos, sua popularidade entre eles continua baixa. Em 2022, Lula não conseguiu maioria entre os evangélicos, e seu governo ainda patina para conquistar corações e mentes desse nicho.
Fé, política e futuro
Em meio a essa disputa, o conclave que escolherá o sucessor de Francisco não interessa apenas ao Vaticano: desperta expectativa também entre os brasileiros. Para muitos fiéis, a escolha de um papa progressista poderia fortalecer a presença da Igreja Católica num país cada vez mais dividido entre tradições e novas demandas sociais.
A Igreja Católica no Brasil — que já foi a maior do mundo em número de fiéis — parece agora buscar não apenas renovar sua liderança, mas também reconquistar espaços perdidos, dialogando com uma sociedade em transformação.
A próxima fumaça branca vinda do Vaticano será observada com atenção. E, se depender da voz dos brasileiros, ela trará mais inclusão e esperança do que rigidez e saudade do passado.
*com informações da CNN Brasil.
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