Trump e Putin, aliados improváveis? Como a crise na Ucrânia pode redefinir o jogo de poder global
A Casa Branca já foi palco de momentos históricos, mas poucos tão caóticos quanto a reunião entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky. O que deveria ser um passo na direção da paz, acabou se transformando em um espetáculo de desacordo diplomático, numa troca de farpas inédita diante da mídia internacional.
No cerne do impasse estava a relutância da Ucrânia em abandonar sua intenção de integrar a OTAN. Para Trump, a insistência de Zelensky em manter essa pauta não se trata apenas de um erro estratégico, mas também acarreta o risco iminente de prolongar indefinidamente uma guerra bestial e devastadora. Do outro lado, o líder ucraniano demonstrou ver a retirada do apoio ocidental como uma sentença de morte para seu país. O resultado? Uma reunião encerrada abruptamente e o que era um possível acordo de cessar-fogo ficou apenas no papel.
Mas, por trás dessa troca de acusações, algo ainda maior pode estar se desenhando nos bastidores da geopolítica mundial: uma possível aproximação entre Trump e Vladimir Putin. O ex-presidente dos EUA deixou claro que, em sua visão, o grande adversário da soberania nacional hoje não é a Rússia, mas sim a União Europeia e o que ele chama de “globalismo” – um conceito que envolve a influência política e econômica de blocos supranacionais sobre países individuais.
A lógica de Trump se baseia na ideia de que a União Europeia extrapola seu papel original e interfere diretamente em decisões soberanas de nações mundo afora, seja com regulamentações ambientais, seja com sanções econômicas. Do outro lado, Putin já há anos denuncia o que considera uma expansão indevida da OTAN sobre territórios historicamente alinhados à Rússia. Se essa narrativa se consolidar, poderemos testemunhar algo sem precedentes: um alinhamento estratégico entre Washington e Moscou, dois rivais históricos, agora unidos contra Bruxelas.
O que isso significa para o futuro?
O cenário desenhado por essa possível reaproximação entre Rússia e Estados Unidos coloca a Europa em uma posição delicada. Sem o respaldo irrestrito dos americanos, o bloco teria que rever suas políticas de defesa e até mesmo sua postura frente à guerra na Ucrânia. Além disso, um eventual desmonte do apoio ocidental a Kiev significaria uma virada brutal nos rumos do conflito.
A grande questão que permanece é: até que ponto Trump estaria disposto a levar essa ideia adiante? E, mais importante, o establishment americano permitiria que isso acontecesse? Por enquanto, essa aliança segue no campo das especulações. Mas, se há algo que a política internacional nos ensina, é que o improvável nunca pode ser descartado.
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