Dilma Rousseff internada na China: a ex-presidente brasileira e sua controversa liderança no Banco dos BRICS
Por Ronald StresserDilma Vana Rousseff / NDB |
Em mais um episódio polêmico, que mistura política internacional e questões de saúde, o protagonismo é da ex-presidente Dilma Rousseff, de 77 anos. Ela foi internada às pressas, há quatro dias, no Shanghai East International Medical Center, um luxuoso hospital chinês. Dilma está sob cuidados médicos desde a última sexta-feira, 21 de fevereiro. A informação foi confirmada pelo hospital ao tradicional jornal brasileiro Folha de S.Paulo.
A ex-presidente do Brasil entrada na emergência do hospital com pressão arterial elevada, náuseas e vertigens. O diagnóstico dos médicos foi de uma neurite vestibular, que é uma inflamação do nervo responsável pelo equilíbrio do corpo.
Liderança prolongada e questionada
A odisseia sino-brasileira teve início em 1812, quando D. João VI troxe 200 chineses de Macau para vultivar chá no Brasil. Para Dilma a aventura na China começou em abril de 2023, desde então ela ocupa o cargo de presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), mais conhecido como Banco dos BRICS. O NDB foi criado em 2014 com o escopo de financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável dos países membros: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O problema é que dez anos depois, a eficácia e a transparência do banco têm sido criticadas. Há muitos questionamentos de especialistas a respeito da real utilidade e impacto da instituição com respeito ao seu objetivo original.
De acordo com o sistema de rodízio, estabelecido pelos membros do BRICS, a presidência do NDB deveria passar para outro país em julho deste ano. Entretanto, um acordo realizado entre Lula e Putin estendeu o mandato de Dilma por mais cinco anos, até 2030. A decisão bilateral, que se desvia das regras originais de governança da ininstituição, gera ainda mais insegurança sobre o real papel da instituição. Outro ponto polêmico é que a partir de julho deste ano, Dilma passará a se reportar exclusivamente ao presidente russo, o que gera mais dúvidas sobre a independência do banco.
A vida e a saúde em Xangai
Vivendo luxuosamente em Xangai, Dilma tem se dedicado às atividades do NDB e, segundo estimativas, ganha cerca de U$D 500 mil (R$ 2.90 milhões) por ano e vive luxuosamente com suas despesas pagas pela instituição. A internação por neurite vestibular a impediu de participar de um encontro crucial para o banco, com ministros da Fazenda e presidentes dos Bancos Centrsis dos BRICS em Cape Town, na África do Sul. No encontro Dilma teria o objetivo de discutir as estratégias financeiras do bloco. Sua ausência nesse evento, absolutamente relevante para o futuro da instituição, ressalta as fragilidades dela na liderança do NDB e levanta questões sobre a continuidade de sua gestão. Ela parece até estar protagonizando um remake de quando foi presidente do Brasil.
Repercução política e internacional
Desde quando foi guerrilheira, a trajetória da ex-presidente é marcada pela polêmica. Primeira mulher a presidir o Brasil, a petista foi afastada compulsoriamente em 2016, quando sofreu um processo de impeachment. O afastamento da presidente ocorreu em meio a uma profunda recessão econômica e escândalos de corrupção. Sua atual posição à frente do NDB, sediado na China — um país comunista —, e a extensão de seu mandato por meio de um acordão bilateral entre Brasil e Rússia — país que invadiu a Ucrânia e tem prolongado uma guerra totalmente desnecessária —, suscitam debates sobre o alinhamento político e estratégico do Brasil num cenário global que repele o comunismo e a esquerda com uma forte guinada à direita e ao liberalismo econômico.
Enquanto Dilma se recupera no hospital, sua assessoria informou pelas redes sociais que ela "responde bem ao tratamento" e deve receber alta nos próximos dias. No entanto, a combinação de questões de saúde, decisões políticas controversas e a liderança questionável de uma instituição cuja relevância também é frequentemente questionada, coloca em foco os desafios e as críticas que cercam sua atuação.
O futuro do NDB sob influência petista
O NBD nasceu como uma alternativa às instituições financeiras tradicionais, como FMI, BID e BIRD, para poder oferecer suporte financeiro aos países em desenvolvimento sem as amarras políticas frequentemente associadas a essas organizações. Contudo, quase uma década após sua criação, o NDB ainda luta para definir seu papel e demonstrar resultados concretos que justifiquem sua existência.
A liderança artificialmente prolongada de Dilma Rousseff, resultante de um acordo político entre Lula e Putin, pode ser vista como uma tentativa de fortalecer a posição do banco. Entretanto, essa extensão de mandato fora do previsto levanta questões sobre a governança e a autonomia da instituição, além de refletir as complexas relações geopolíticas entre os países membros.
Para o Brasil, a presença de uma ex-presidente à frente do NDB poderia ser uma oportunidade de ampliar sua influência no cenário internacional. No entanto, as controvérsias em torno da gestão de Dilma e as dúvidas sobre a eficácia do banco podem, na verdade, minar a credibilidade do país e da instituição que ela lidera.
Altos e baixos
A internação de Dilma Rousseff em Xangai, justamente quando ela participaria de uma importante reunião na África de Sul, é mais um capítulo em uma trajetória marcada por altos e baixos, tanto no cenário doméstico quanto internacional. Enquanto ela se recupera, as discussões sobre sua liderança no NBD e o papel do Brasil no contexto dos BRICS continuam a gerar debates acalorados, refletindo as complexas interseções entre saúde, política e economia global.
Quanto ao experimento de D. João VI para o cultivo de chá no Brasil, foi um fracasso e a colônia chinesa de então, que tentou introduzir o cultivo de chá de Macau com lavouras no Jardim Botânico do Rio e na Fazenda Imperial, desapareceu.
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