Opinião: Lula precisa jogar o xadrez da diplomacia para que todos os brasileiros não saiam perdendo na era Trump
Devo confessar que fiquei surpreso ao ver o presidente Lula mudar tanto, e tão rapidamente, de tom em relação a Donald Trump. Lembro bem das declarações inflamadas dele antes das eleições, quando chegou a comparar a possível vitória do republicano ao "nazismo com outra cara". Mas agora, logo após a posse de Trump, Lula vem a público dizer que torce para que o novo presidente tenha uma "gestão profícua" e que o Brasil quer "paz" com os Estados Unidos.
Confesso que entendo a preocupação e a mudança no tom, afinal, caro leitor, as declarações de Trump sobre impor tarifas de até 100% sobre produtos do BRICS - caso esses países reduzam o uso do dólar - caíram como uma bomba nas relações entre Brasil e EUA. Isso porque, como a maioria de nós bem sabe, nosso país tem uma enorme, e quase total, dependência em relação à moeda americana.
Seja no comércio exterior, no financiamento do setor público ou na atração de investimentos estrangeiros, o dólar é peça-chave para o funcionamento não apenas da nossa economia, mas de todas as operações brasileiras no mercado internacional.
Então, qualquer ameaça de Trump de limitar o acesso ao mercado americano é motivo de grande preocupação para nós brasileiros. A economia do Brasil está profundamente atrelada aos movimentos do gigante do Norte. E se Trump realmente cumprir sua promessa de punir quem tentar se distanciar do dólar, nós seremos diretamente atingidos.
É como se o presidente norte-americano estivesse segurando uma arma apontada para a cabeça do Brasil. E, claro, isso gera muita apreensão e diversas incertezas sobre o futuro das relações entre os nossos países. Não é à toa que, mesmo antes da posse de Trump, já vimos o dólar disparar no mercado cambial brasileiro, chegando a ultrapassar a marca histórica de R$ 6.
Então, caro leitor, fiquemos atentos. Vamos cobrar ainda mais o governo Lula, pois a posse de Donald Trump, com suas ameaças e promessas de uma política externa mais dura e protecionista, vai exigir muita habilidade e cautela das autoridades brasileiras na condução das relações Brasil-EUA. O Brasil não pode se dar ao luxo de entrar em uma briga aberta com a maior economia do mundo.
Dessa vez, acho que o Lula não tem muita alternativa a não ser tentar se aproximar do governo Trump e jogar o jogo da diplomacia com muito tato e grande habilidade. Nossas autoridades não podem se dar ao luxo de ficar disparando alfinetadas contra os EUA, seja pelos meios oficiais ou redes sociais. O antiamericanismo petista pode trazer sérios problemas para o nosso país.
Claro, isso não significa que o Brasil deva aceitar tudo o que Trump disser. Pelo contrário, acredito que o papel dos componentes do governo federal, que cuidam da diplomacia, do comércio internacional e outras relações exteriores, será exatamente o de tentar negociar as melhores condições possíveis para o Brasil nesse novo cenário.
Acredito que as políticas protecionistas e anti-imigração do republicano também podem trazer prejuízos para a economia brasileira, com impactos sobre a inflação e os juros, que já se encontram num patamar inaceitável para a imensa maioria do povo brasileiro.
Lula terá de usar de toda a sua experiência e sagacidade política para navegar nessas águas turbulentas, nas quais o próprio petista colocou nosso país. Não será tarefa fácil, eu sei. Mas, ao menos até 2026, se alguém pode fazer esse jogo de xadrez diplomático - salvo a ocorrência de um novo impeachment - esse alguém é apenas ele mesmo.
Lula alega ser um homem que sempre busca a paz e o diálogo, buscando o entendimento, e é exatamente essa postura que ele vai precisar adotar agora, para tentar extrair o máximo de concessões possíveis do governo Trump, blindando o Brasil dos efeitos colaterais da nova "era Trump".
Não é uma missão simples e não tenham dúvidas disso, mas, com a habilidade e experiência já demonstrada anteriormente por Lula e pelo Itamaraty, acredito que o Brasil poderá sair dessa situação sem maiores prejuízos para o nosso povo. Boa sorte seu Lula, o Brasil está torcendo para que o senhor consiga evitar que seus subordinados colquem o país em maus lençóis com a msior potência econômica e militar do planeta.
Edição: Ronald Stresser, de Curitiba.
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