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terça-feira, 3 de setembro de 2024

Sistema de saúde de Curitiba enfrenta crise por culpa da privatização de serviços

Crise no sistema de saúde de Curitiba: um apelo à responsabilidade das autoridades

Upa Pinheirinho, lotada, com tempo de atendimento de em média quatro horas

A situação do sistema de saúde pública em Curitiba é alarmante e merece uma reflexão profunda. Nos últimos meses, a cidade tem enfrentado uma crise sem precedentes nas suas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e hospitais. O aumento exponencial no número de atendimentos, aliado à superlotação crônica e ao gerenciamento inadequado, revela um cenário de calamidade que, infelizmente, tem se tornado a nova realidade para muitos curitibanos.

Falta de infraestrutura

Recentemente, o sistema de saúde da capital paranaense teve que se adaptar a uma demanda crescente de leitos emergenciais, com a abertura de 150 novos leitos em hospitais locais. No entanto, a situação atual demonstra que essas medidas são apenas paliativas diante de um problema estrutural mais profundo. Apesar dos esforços para expandir a capacidade de atendimento, a realidade nas UPAs e hospitais continua sendo de caos e desconforto. 

A média de tempo de atendimento, mesmo de casos graves anda em torno de quatro horas d espera em assentos desconfortáveis instalado em locais com pouca ventilação, sem um lanche ou muitas vezes até um copo d'água para que as pessoas tenham um mínimo de conforto durante a espera. 

Calvário

A situação é exemplificada pela experiência de pacientes que enfrentam longas esperas e condições inadequadas, como o caso da mulher que perdeu seu irmão no sábado passado (31/08) na UPA 24h do Cajuru após uma parada cardíaca atendida pelo SAMU e encaminhada àquela unidade. O idoso foi reanimado pelo SAMU e recebeu atendimento imediato ao ser admitido na unidade, mas, infelizmente, faleceu duas horas após a chegada. A indignação de sua irmã, uma senhora lúcida de 94 anos, revela a profunda insatisfação com a atual situação da saúde pública: “Eu queria apenas ver ele e ter segurado a mão dele antes de falecer, ele era meu último parente consanguíneo vivo, agora sou eu sozinha.”

Este caso acima é apenas um dos milhares de testemunhos dolorosos da crise que assola o sistema de saúde pública da cidade. O descaso com a dignidade e a urgência dos pacientes é um reflexo do que muitos cidadãos têm enfrentado: a falta de infraestrutura e a ineficiência no atendimento que deveriam ser garantidos pelo sistema público de saúde. Visivelmente a demanda por atualizações de emergencia nas unidades de pronto atendimento são para ontem. Apesar da abertura de novos leitos emergenciais, o sistema de saúde de Curitiba enfrenta grave crise de sobrecarga e desconforto.

No Hospital Cajuru, que opera constantemente acima da capacidade, o atendimento antes da pandemia era humano e contemplava também as pessoas que chegavam àquele importante aparelho do sistema municipal de saúde que precisam de atendimento emergencial. Os Irmãos Maristas, que administram a unidade, parecem terem também se associado a mamon, ao deus dinheiro, pois o atendimento é desumano e as pessoas que estão sentadas na recepção são visivelmente despreparadas. 

Experiência própria

Minha indignação se deve ao fato de eu mesmo ter estado lá no Hospital Cajurú com a minha companheira, no sábado passado. Ela está com dores fortes, hemorragia e uma ferida grande na parede do útero, que foi detectada num exame, neste mesmo dia (31/08), pelo Dr. Danilo, da Clínica da Mulher. Foi retirado material para biópsia mas a suspeita é de câncer de colo de útero (CCU). A clínica é um consultório particular localizado próximo a Praça Rui Barbosa, único local onde ela conseguiu atendimento ginecológico para realizar o exame de emergência, pois já havia estado por duas vezes na Unidade Básica de Saúde Ouvidor Pardinho, onde não havia sido detectada a causa real das fortes dores e sangramento que ela vem apresentado já há mais de dois meses.

As UBSs e UPAs de Curitiba destacam a falência da infraestrutura de gestão de saúde da cidade de Curitiba. A privatização das UPAs, focada no lucro, agravou o problema, com a retirada de serviços essenciais e aumento de custos. Curitiba precisa urgentemente reformar seu sistema de saúde para garantir atendimento digno e eficiente à população. As autoridades devem agir para resolver a crise e assegurar a qualidade do atendimento.

Hospitais lotados

O Hospital Cajuru, um dos principais centros de atendimento de emergência da cidade, tem operado constantemente acima da capacidade, com suas 20 vagas na emergência frequentemente superlotadas. O mesmo ocorre em outras unidades, como o Hospital Evangélico e o Hospital do Trabalhador. A crítica de especialistas e entidades médicas sobre a falta de expansão da infraestrutura dos prontos-socorros é um indicativo claro de que a cidade não tem acompanhado o crescimento populacional e a demanda por serviços de saúde.

Privatização desnecessária

A privatização e terceirização das UPAs em Curitiba, promovidas pela gestão atual, têm sido um dos fatores que agravam a situação. O modelo adotado, focado no lucro em vez da qualidade do atendimento, tem resultado em uma diminuição nos serviços essenciais, como a pediatria, e em um aumento dos custos para o erário público. Experiências anteriores em outras localidades demonstraram que a privatização não só não resolve o problema, como frequentemente o agrava, resultando em mais gastos e até corrupção.

O impacto dessa política de privatização é visível na deterioração dos serviços de saúde. Enquanto o número de atendimentos aumenta drasticamente, a capacidade das unidades de saúde não cresce na mesma proporção. Dados recentes mostram que a média de pessoas atendidas nas UPAs tem aumentado em 20% em comparação ao ano anterior, com uma incidência alarmante de casos de dengue e problemas respiratórios.

Política de saúde equivocadas

As entidades de classe, como a Associação Médica do Paraná e o Conselho Regional de Medicina, alertam para a falta de estrutura e para a necessidade urgente de uma reavaliação das políticas de saúde do município. A falta de leitos e a sobrecarga das ambulâncias, que frequentemente precisam deslocar pacientes para hospitais fora da cidade, são sintomas de uma crise que demanda ação imediata mas parece estar sendo silenciada pela grande mídia devido à proximidade das eleições municipais, para as quais o atual vice-prefeito é o candidato favorito segundo as pesquisas eleitorais.

Portanto, é imperativo que as autoridades de saúde pública e os candidatos à prefeitura de Curitiba assumam a responsabilidade por essa situação crítica. A população curitibana não pode continuar a ser refém de políticas públicas ineficazes e focadas apenas em interesses financeiros em detrimento do bem-estar da população.

O que Curitiba precisa urgentemente é de um plano robusto e sustentável para a saúde pública, que priorize a qualidade do atendimento e a expansão da infraestrutura de forma adequada e eficiente ao invés de priorizar o capital vadio, como acontece na atual gestão que ao apagar das luzes se mostra um verdadeiro desastre em políticas públicas que atendam as demandas apresentadas pelas camadas mais necessitadas da sociedade. A política de saúde da capital paranaense tem claramente sido tratada com descaso, péssima gestão e com a adoção de políticas absolutamente equivocadas, tendo em vista os resultados que estão sendo apresentados. O povo mais humilde, que representa a grande maioria da população, está morrendo na fila dos hospitais que integram o Sistema Único de Saúde (SUS).

Apelo à conscientização 

Este é um apelo para que as autoridades se conscientizem da gravidade da crise e tomem medidas concretas para reverter o atual quadro de emergência na saúde pública curitibana. A saúde da população curitibana não pode ser comprometida por decisões que visam apenas o lucro, e sim deve ser tratada com o respeito e a seriedade que cada cidadão merece. Hoje o cidadão e a cidadã curitibana se tornaram reféns da privatização tresloucada, feita a toque de caixa pela gestão Rafael Greca, na Saúde Pública.

Pessoas estão sofrendo, estão morrendo e a grande mídia está em silêncio. Isso acontece numa cidade que antes da pandemia tinha o melhor atendimento pelo SUS (Sistema Universal de Saúde) dentre todas as capitais brasileiras. Consideramos que a privatização das Unidades de Pronto Atendimento foi um grande erro que tarda em ser reconhecido pelas autoridades responsáveis por este verdadeiro desmonte do sistema de saúde da nossa amada e bela Curitiba.

Pior é que nenhum dos atuais candidatos à prefeitura parece ter propostas robustas para realmente resolver este grave problema que Curitiba está enfrentando, o que ao nosso ver não vai em outra direção se não o da reestatização pelo município das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), que são a porta de entrada para que o cidadão que precisa tenha garantido um leito num dos hospitais a rede pública que atendem pelo SUS do Governo Federal. Até quando eles irão abusar da paciência do povo?

Reporta: Ronald Stresser, de Curitiba.



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