quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Aquíferos, reserva estratégica em tempos de crise

A importância estratégica dos aquíferos brasileiros em tempos de crise climática global

Vale do Gurguéia: poços jorrantes

Em um cenário de intensas mudanças climáticas, os aquíferos se tornaram reservas estratégicas de água para o abastecimento humano e agrícola. A seca severa e as queimadas que afetam grande parte do Brasil em 2023 intensificam a necessidade de utilizar essas reservas subterrâneas de forma sustentável, principalmente em regiões onde a água superficial já escasseia.

Os aquíferos, como o Sistema Aquífero Guarani, se destacam pela capacidade de armazenamento de água em profundidades de até mil metros, garantindo o abastecimento em períodos de estiagem. Localizado em partes de oito estados brasileiros, além de regiões da Argentina, Paraguai e Uruguai, o Aquífero Guarani se apresenta como um dos maiores reservatórios de água doce do mundo, abrangendo uma área de 1,2 milhão de quilômetros quadrados. Em cidades como Ribeirão Preto, que depende 100% dessa reserva. A resiliência hídrica proporcionada pelo aquífero evitou o racionamento de água, mesmo durante a seca de 2021.

A capacidade de regular os rios da Bacia do Paraná e seu uso para irrigação tornam o Guarani uma fonte cada vez mais explorada pelo agronegócio, especialmente no estado de São Paulo. Em 2021, houve um aumento recorde de outorgas para a perfuração de poços no aquífero, revelando a crescente dependência da água subterrânea para atender às demandas agrícolas e urbanas.

Aquíferos amazônicos vulneráveis

Além do Guarani, a Amazônia abriga importantes aquíferos, como o Alter do Chão, que embora tenha menos monitoramento em comparação ao Guarani, é crucial para a região. No entanto, a seca extrema de 2023, que fez com que rios como o Negro e o Madeira secassem, levantou preocupações sobre o impacto dessas mudanças nos aquíferos da região. A escassez de água superficial, agravada pela combinação do aquecimento dos oceanos e das mudanças climáticas, reforça a necessidade de monitoramento e proteção dos aquíferos amazônicos.

Segundo especialistas, através de um modelo híbrido que combina imagens de satélite e inteligência artificial, é possível melhorar o monitoramento dessas reservas, sinalizando áreas estratégicas para a instalação de poços de controle. Isso se torna vital, não só para o abastecimento das comunidades locais, mas também para garantir a resiliência hídrica em áreas agrícolas de fronteira, como a Região de Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), que exige grandes volumes de água para irrigação.

Reserva estratégica

A perfuração de poços em áreas onde os aquíferos estão mais próximos da superfície, como nas zonas de afloramento, pode ser uma solução eficaz para evitar o esgotamento de fontes superficiais de água. No entanto, é crucial um controle rigoroso para evitar a depleção das reservas subterrâneas, como já ocorre em regiões agrícolas dos Estados Unidos e da Índia. A capacidade de armazenamento das águas subterrâneas é valiosa, especialmente durante secas prolongadas, quando as fontes superficiais falham em atender à demanda crescente. 

Precisamos tomar uma atitude com urgência para que os crimes ambientais tenham penas mais severas. Para André Galvão, presidente do PV de Jaú, SP, já passou da hora de pegar pesado com essa gente: "então, não é apenas uma mudança na legislação criminal, é uma Lei de Responsabilidade Ambiental", afirma Galvão. As maiores riquezas do Brasil provém da natureza, o crime ambiental pode comprometer as reservas estratégicas do país, essenciais para as gerações futuras.

Sustentabilidade

Em tempos de emergência climática, os aquíferos desempenham um papel vital na manutenção da segurança hídrica. Para maximizar seu potencial, é fundamental expandir o monitoramento e implementar políticas de uso sustentável. A crise hídrica e ambiental que o Brasil enfrenta exige uma abordagem integrada que considere não apenas o uso racional das águas superficiais, mas também a preservação das reservas subterrâneas. Ao proteger esses recursos, podemos mitigar os impactos das mudanças climáticas e garantir o acesso à água para futuras gerações.


Ronald Stresser, da redação.

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