quarta-feira, 30 de setembro de 2020

'Justitia Mater', poema por Antero de Quental



Justitia Mater

Nas florestas solenes há o culto

Da eterna, íntima força primitiva:

Na serra, o grito audaz da alma cativa,

Do coração, em seu combate inulto:


No espaço constelado passa o vulto

Do inominado Alguém, que os sóis aviva:

No mar ouve-se a voz grave e aflitiva

D'um deus que luta, poderoso e inculto.


Mas nas negras cidades, onde solta

Se ergue, de sangue medida, a revolta,

Como incêndio que um vento bravo atiça,


Há mais alta missão, mais alta glória:

O combater, à grande luz da história,

Os combates eternos da Justiça!

 

Antero de Quental, in "Sonetos"



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