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sábado, 29 de junho de 2019

Francis Bacon: "A Inveja Passeia pelas Ruas"

"O homem que não tiver virtude própria sempre invejará a virtude dos outros. A razão disso é que a alma humana nutre-se do bem próprio ou do mal alheio, e aquela que carece de um, aspira a obter o outro, e aquele que está longe de esperar obter méritos de outrem, procurará nivelar-se com ele, destruindo-lhe a fortuna.

As pessoas que são curiosas e indiscretas são geralmente invejosas; porque conhecer muito a respeito da vida alheia não pode resultar do que concerne os próprios negócios. Isso deve provir, portanto, de tomar uma espécie de prazer teatral a admirar a fortuna dos outros. Aliás, quem não se ocupa senão dos próprios negócios não encontra matéria para invejas. Porque a inveja é uma paixão calaceira, isto é, passeia pelas ruas e não fica em casa."

Francis Bacon, in "Ensaios de Francis Bacon"

Francis Bacon, 1°. Visconde de Alban(1561/1626), também referido como Bacon de Verulâmio foi um político, filósofo, cientista, ensaísta inglês, barão de Verulam e visconde de Saint Alban. É considerado como o fundador da ciência moderna. Desde cedo, sua educação orientou-o para a vida política, na qual exerceu posições elevadas.

Os livros de textos filosóficos apresentam, em geral, a imagem de massudas páginas impenetráveis, nas quais o leitor comum tira pouco proveito. Essa imagem se desfaz nesta coletânea do grande renascentista inglês, "Ensaios de Francis Bacon", de 1936 (Vozes, 2007). Diz o autor que "alguns livros devem ser apenas provados, outros tragados, e alguns poucos devem ser mastigados e digeridos". Um texto de espírito renascentista, mais atual do que nunca, fonte de inspiração e argumento para o bom orador.

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