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quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Schopenhauer: A Incapacidade de Suportar a Solidão




O que faz os homens sociáveis é sua incapacidade de suportar a solidão e a sua própria companhia. Seu vazio interior, fadiga e tédio os conduzem a buscar a sociedade e a empreender viagens a países estrangeiros. Seus espíritos carecem da elasticidade necessária para se imprimirem movimento próprio. 

Tentam melhorar sua situação por meio do vinho e, desse modo, muitos deles acabam se tornando bêbados. Por esse mesmo motivo, necessitam constantemente da excitação exterior e mesmo da mais forte produzida por seres de sua espécie, sem a qual seus espíritos cedem sob seu próprio peso e caem em uma dolorosa letargia. 

Pode-se dizer igualmente que cada qual deles não é mais que uma pequena fração da ideia da humanidade, necessitando ser complementados com muitos outros para que, de algum modo, surja uma consciência humana inteira. Pelo contrário, aquele que é um homem completo, um homem par excellence, representa uma unidade inteira, não uma fração e, por conseguinte, se basta a si mesmo. 

Nesse sentido, pode-se comparar a sociedade vulgar a essas orquestras russas compostas exclusivamente de trombetas, nas quais cada instrumento só tem uma nota, e a música é produzida quando todos soam ao mesmo tempo. Pois o temperamento e a mentalidade da maioria dos homens são tão monótonos como essas trombetas de apenas uma nota.

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Fonte: Arthur Schopenhauer, in Aforismos Para a Sabedoria de Vida, página 67. Imagem: Obra de Mihaly Zichy

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