Pequim reage com firmeza após declaração de alto funcionário japonês sugerir que Tóquio possa reconsiderar sua histórica postura não nuclear — dentro e fora da região, vozes de preocupação aumentam
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| Imagem meramente ilustrativa, gerada por IA |
Em uma das ondas mais recentes de tensões diplomáticas no Leste Asiático, o governo chinês emitiu um alerta contundente ao Japão após um alto funcionário da administração da primeira-ministra Sanae Takaichi ter sugerido que o país deveria considerar a posse de armas nucleares — uma proposta que rompe com décadas de política japonesa e reacende temores sobre a estabilidade global.
Na segunda-feira (22), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, declarou que tais declarações representam “uma provocação flagrante à ordem internacional do pós-guerra” e ao regime de não proliferação nuclear, pedindo que a comunidade mundial se mantenha em alerta.
De acordo com Lin, a sugestão — atribuída a um assessor próximo à primeira-ministra — mostra não apenas uma possível mudança de postura, mas também o avanço de forças internas no Japão que, segundo Pequim, buscam “remilitarizar” o país e desafiar compromissos jurídicos e históricos que remontam ao fim da Segunda Guerra Mundial.
O porta-voz enfatizou que o Japão, enquanto Estado signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear, tem obrigações legais de não aceitar, fabricar, adquirir ou transferir armas nucleares — normas que não podem ser usadas como moeda de troca em disputas políticas.
Não se trata de um alerta isolado: além de Pequim, outras potências e atores regionais também expressaram preocupação. A Rússia advertiu que a revisão da postura pacifista de Tóquio poderia prejudicar a segurança no Nordeste Asiático, enquanto a Coreia do Norte pediu que qualquer tentativa japonesa de armamento nuclear seja detida e classificada como uma ameaça direta.
No próprio Japão, a controvérsia provocou reação política: o governo reafirmou publicamente seu compromisso com os princípios de não posse nuclear, embora o debate interno sobre segurança e dissuasão volte à tona com força em meio ao aumento de tensões com vizinhos.
Especialistas em segurança internacional veem esse episódio como parte de um contexto mais amplo: a rivalidade entre grandes potências no Pacífico, as preocupações estratégicas com a China e o papel que os Estados Unidos exercem na proteção de aliados nipônicos adicionam camadas à complexa tapeçaria geopolítica da região.
Para analistas globais, a discussão — mesmo que incipiente — sobre a postura nuclear do Japão acende um alerta sobre como antigas normas de segurança, fruto do pós-guerra, estão sendo reexaminadas em um mundo onde ameaças e alianças se redefinem na velocidade da internet.
No centro dessa disputa está não apenas a relação bilateral entre Pequim e Tóquio, mas um debate maior sobre a ordem internacional contemporânea, o papel dos dispositivos nucleares como armas de dissuasão e os riscos de uma corrida armamentista em escala global. Especialistas em não proliferação de armas nucleares pedem cautela, lembrando que qualquer movimento nessa direção teria impacto direto sobre tratados multilaterais e sobre a própria estabilidade global.
Ronald Stresser — 23 de dezembro de 2025
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