Presidente Lula inaugurou nova ponte entre Brasil e Paraguai: enquanto parte do mundo insiste em erguer muros, o Brasil escolheu construir pontes
Por Ronald Stresser — 20 de dezembro de 2025
Presidente Lula e autoridades caminham juntas sobre a Ponte da Integração inaugurada ontem (19) - Presidência da República
Nesta quinta-feira (19), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou oficialmente a Ponte Internacional da Integração Brasil–Paraguai, ligando Foz do Iguaçu (PR) à cidade paraguaia de Presidente Franco, sobre o Rio Paraná. A partir desta sexta-feira, 20 de dezembro, a estrutura começa a receber o tráfego de caminhões, em operação gradativa, inaugurando um novo ciclo logístico, econômico e político na fronteira.
Mais do que concreto, aço e engenharia, a ponte nasce como um símbolo de integração regional, reposicionando Brasil e Paraguai no centro das rotas de comércio do Mercosul e de toda a América do Sul.
“Enquanto tem presidente querendo construir muro para o pobre não atravessar para o seu país, nós aqui, latino-americanos, sul-americanos, paraguaios e brasileiros, vamos dizer ao mundo que somos da paz”, afirmou Lula durante a cerimônia.
Uma obra estratégica para o século XXI
Com 760 metros de extensão, vão central de 470 metros — o maior da América Latina — e capacidade para tráfego pesado, a Ponte da Integração é a segunda ligação rodoviária direta entre Brasil e Paraguai, criada para desafogar a histórica Ponte da Amizade, saturada há décadas.
A obra integra um novo corredor logístico internacional, conectando a BR-277 à Rodovia Perimetral Leste, em Foz do Iguaçu, retirando o tráfego pesado do centro urbano e reorganizando completamente a dinâmica da fronteira.
Segundo o governo federal, apenas por essa ponte devem circular bilhões de dólares por ano em mercadorias, insumos agrícolas, produtos industriais e fluxo turístico.
“Só por essa ponte vão transitar alguns bilhões de dólares de interesse das economias do Brasil e do Paraguai. Vai transitar o povo paraguaio para o Brasil e o povo brasileiro para o Paraguai para trabalhar, vender, comprar e fazer negócio. Isso é crescimento para os dois países”, destacou Lula.
Integração que fortalece o Mercosul
O ministro dos Transportes, Renan Filho, reforçou que a entrega da ponte consolida o papel do Brasil como indutor da integração sul-americana.
“As obras do lado brasileiro estão concluídas, assim como a rodovia Perimetral. A partir de agora, começamos a liberar o fluxo de caminhões, fortalecendo a conexão com o Paraguai e promovendo a integração regional do Mercosul”, afirmou.
A operação inicial prevê a circulação de caminhões vazios, com ampliação gradual conforme a conclusão das estruturas aduaneiras e viárias do lado paraguaio, especialmente o Corredor Metropolitano del Este.
“Não é inauguração fake”, diz Gleisi Hoffmann
A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, fez questão de enfatizar que a obra está pronta e funcional, rebatendo críticas comuns a inaugurações simbólicas.
“Essa não é uma inauguração fake, é uma inauguração real. A ponte está pronta e todos os serviços brasileiros estão preparados para que ela funcione”, afirmou.
A fala dialoga com o sentimento da população da região trinacional, que há décadas convive com gargalos logísticos, filas quilométricas e perdas econômicas causadas pela sobrecarga da Ponte da Amizade.
Itaipu: investimento que vai além da energia
Responsável por grande parte do financiamento da obra, a Itaipu Binacional reafirma, com a Ponte da Integração, seu papel como vetor de desenvolvimento regional, muito além da geração de energia.
O diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, destacou que o investimento representa um compromisso com o futuro da fronteira.
“A ponte será um motor de prosperidade para Foz do Iguaçu e toda a região. Ao otimizar o fluxo comercial e turístico, não estamos apenas entregando uma infraestrutura moderna, mas promovendo um reordenamento urbano que devolve qualidade de vida à população.”
O investimento total da obra gira em torno de R$ 1,9 bilhão, fruto da cooperação entre os dois países, com protagonismo da Itaipu — um símbolo histórico de integração binacional que agora se projeta também sobre a logística, o comércio e a mobilidade.
Uma ponte que redesenha o mapa do Sul
Mais do que encurtar distâncias físicas, a Ponte da Integração reposiciona o Sul do Brasil, o Paraguai e o Mercosul em um cenário global marcado por disputas comerciais, crises logísticas e reconfiguração das cadeias produtivas.
Ela conecta portos, indústrias, zonas francas, cooperativas agrícolas e pequenos comerciantes. Liga trabalhadores, famílias, culturas e histórias que sempre existiram — mas agora ganham uma travessia mais justa, moderna e segura.
Num tempo em que o mundo se fecha, o Sul escolheu abrir caminho.
E, mais uma vez, a integração entre leste e oeste da América do Sul, passa sobre o Rio Paraná.
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