Entre articulações no Congresso, embates políticos e a principal vitória social do governo Lula em 2025, ministra se despede do Planalto para voltar às bases e disputar a Câmara pelo Paraná
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| Ministra Gleisi Hoffmann discursa em Foz - Ricardo Stuckert/PR |
Em meio ao concreto, ao aço e ao fluxo incessante da fronteira, a política brasileira também constrói suas próprias pontes. Foi nesse cenário simbólico, durante a inauguração da Ponte da Integração Jaime Lerner — que liga Brasil e Paraguai — que a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, fez um balanço dos caminhos percorridos pelo governo Lula em 2025 e, ao mesmo tempo, sinalizou o início de uma travessia pessoal e política.
Com voz firme e discurso direto, Gleisi destacou aquela que considera a principal conquista do atual mandato presidencial: a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. “Sem dúvida, foi a medida mais relevante do governo Lula, junto com a taxação dos mais ricos”, afirmou.
A mudança, aguardada há anos por trabalhadores e pela classe média, foi tratada pela ministra como um gesto concreto de justiça tributária — uma política que toca o cotidiano, alivia o orçamento doméstico e reposiciona o Estado no combate às desigualdades históricas do país.
Gleisi fez questão de reconhecer o papel do Congresso Nacional nesse processo. Em declarações públicas e nas redes sociais, agradeceu ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, pela construção de consensos que permitiram avanços na agenda econômica e social do governo Lula ao longo de 2025.
A articulação política — marca da atuação de Gleisi à frente da Secretaria de Relações Institucionais — foi determinante também para a aprovação do Orçamento, assegurando recursos para programas como o Minha Casa Minha Vida, o Farmácia Popular, o Vale-Gás e investimentos estratégicos em infraestrutura e políticas sociais.
Discurso firme e memória recente
Ao lado do presidente Lula, Gleisi também retomou um tom mais duro ao relembrar os anos recentes da política nacional. Em Foz do Iguaçu, voltou a afirmar que a família Bolsonaro colocou “a faca no pescoço do Brasil”, expressão que já havia sido utilizada anteriormente e que sintetiza, segundo ela, o período de instabilidade institucional, ataques à democracia e retrocessos sociais vividos pelo país.
A fala, carregada de simbolismo, reflete um Brasil ainda marcado pela polarização e pelas cicatrizes deixadas por um ambiente político que, em diversos momentos, extrapolou o campo do debate e mergulhou na intolerância.
Retorno às bases
Mas enquanto encerra um ciclo no Palácio do Planalto, Gleisi já se prepara para outro desafio. A ministra confirmou que deixará o governo a partir de abril de 2026 para disputar a reeleição como deputada federal pelo Paraná.
O movimento não é apenas administrativo — é estratégico. Em 2022, Gleisi foi a segunda deputada federal mais votada do estado, com 261,2 mil votos, ficando atrás apenas de Deltan Dallagnol, que acabou perdendo o mandato em 2023 após decisão do Tribunal Superior Eleitoral e permanece inelegível.
No PT, a expectativa é que Gleisi volte a ser uma das principais puxadoras de votos da legenda no Paraná, em uma eleição considerada decisiva tanto para a bancada federal quanto para o futuro político do estado.
O tabuleiro paranaense
O cenário eleitoral no Paraná ganha ainda mais peso diante da disputa pelo governo estadual. Pesquisas recentes indicam o nome do senador Sergio Moro como um dos mais competitivos, embora o ex-juiz da Lava Jato tenha enfrentado reveses políticos importantes nas últimas semanas.
O PP, partido que integra federação com o União Brasil — legenda de Moro —, vetou seu nome na disputa, adicionando incerteza a um processo que ainda está longe de se definir.
O partido de Gleisi (PT), já confirmou apoio ao deputado estadual Requião Filho (PDT), para o governo do estado nas eleições que se avizinham com a virada de ano. Requião Filho é o segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto.
Uma ponte como metáfora
Ao final da cerimônia em Foz do Iguaçu, enquanto autoridades se dispersavam e a nova ponte se preparava para ter o trânsito aberto, a imagem parecia resumir o momento político de Gleisi Hoffmann: uma liderança que encerra uma etapa marcada por articulações complexas, vitórias institucionais e confrontos ideológicos, mas que já se posiciona para atravessar o rio rumo ao próximo capítulo.
Entre despedidas e recomeços, a ministra deixa o governo Lula levando consigo o peso das decisões tomadas e o alívio de uma série de vitórias — retornando às bases com a missão de transformar articulação em voto, legado em discurso e políticas públicas em memória viva para o eleitorado paranaense. Ela é, sem sombra de dúvida, uma mulher de valor.
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