quinta-feira, 6 de março de 2025

Bolsolulismo, a fratura social do Brasil

Bolsolulismo: a polarização que rasga lares e dilacera o Brasil - quando a política separa o que o amor uniu

Por Ronald Stresser / Editorial 

 
 

Por muito tempo, o Brasil se orgulhou de ser um país de encontros. A diversidade, tão característica da nossa identidade, era celebrada em almoços de domingo, em rodas de conversa no boteco da esquina, em festas de família. Mas, nos últimos anos, algo mudou. O país que sempre se uniu pelo futebol, pelo carnaval, pelo churrasco na laje e principalmente por lacos familiares e de amizade,  agora se divide em trincheiras, onde pais e filhos, irmãos e amigos já não se olham nos olhos. O nome dessa fratura social? Bolsolulismo.

O fenômeno, que une o radicalismo do bolsonarismo à idolatria cega do lulismo, transformou o debate político em guerra santa. E o que antes era apenas divergência de opinião se tornou rompimento afetivo. Não se discute mais política — se grita. Não se argumenta — se cancela. O Brasil, antes um só, virou dois países que se odeiam dentro do mesmo território.

O maior inimigo da família brasileira

Os discursos inflamados de ambos os lados prometem proteger a família brasileira, mas a realidade mostra o oposto. A polarização destrói lares de maneira cruel e silenciosa. O ódio cultivado nas redes sociais invade os almoços de família, separa casais, transforma reuniões festivas em arenas de combate. O pai que sempre amou a filha agora não quer vê-la porque ela "votou errado". O irmão bloqueia a irmã no WhatsApp porque não suporta sua visão política.

E o mais cruel: enquanto as pessoas brigam por políticos que jamais saberão seus nomes, as verdadeiras questões do Brasil são deixadas de lado. O desemprego, a fome, a violência, a crise na saúde e na educação continuam a corroer a vida das famílias brasileiras, mas essas dores se tornam secundárias quando comparadas à obsessão por defender ídolos políticos no mínimo toscos e desprovidos de humanidade.

Bolsonaro e Lula: duas faces da mesma moeda

Embora se apresentem como opostos, Bolsonaro e Lula se retroalimentam. Quanto mais um ataca, mais fortalece o outro. Bolsonaro não existiria sem o antipetismo que cresceu nos anos lavajatistas, de escândalos de corrupção do PT. Lula voltou ao poder impulsionado pelo desastre bolsonarista na pandemia, na economia e na política externa que por pouco não transformou o Brasil numa pátria pária.

E enquanto a população briga, eles negociam. Bolsonaro, que sempre se vendeu como inimigo do PT, teve petistas em cargos-chave do seu governo, como Dias Toffoli e Augusto Aras. Já Lula, que jurou que sua volta ao poder seria o fim do bolsonarismo, mantém um discurso moderado para não desagradar os conservadores e manteve bolsonaristas em cargos de alto escalão, como em Itaipu, por exemplo. No final das contas, a polarização serve a eles — e apenas a eles.

O bolsolulismo mantém a população ocupada com escândalos e manchetes fabricadas, enquanto os verdadeiros problemas do país continuam intocados. Os banqueiros seguem lucrando de maneira pornográfica, os serviços públicos seguem em colapso, as instituições cambaleantes e as grandes corporações, as mesmas de sempre, seguem mandando no Brasil. Mas, para muitos, nada disso importa. O importante é "vencer" o inimigo político — ainda que isso signifique perder a própria família.

O Brasil precisa de cura, não de guerra

A maior tragédia do bolsolulismo não é a destruição do debate político, mas a destruição dos laços humanos. O Brasil precisa reencontrar sua alma. Não somos um país de ódio. Somos um país que resiste, que se reinventa, que sempre encontrou força na coletividade.

Está na hora de quebrar esse ciclo. Nenhum político vale o amor de uma mãe. Nenhum partido vale o abraço de um amigo. Nenhuma ideologia vale o sorriso de um filho e não vejo mais o meu sorrir para mim.

O Brasil precisa deixar de ser refém de figuras messiânicas e voltar a ser o que sempre foi: um país onde o que nos une é muito maior do que o que nos separa. Precisamos, como dizia Vinicius de Moraes, voltar a ser o país que promove a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.

5 comentários:

  1. Eita porra!!! Explodiu a mente... não sei o que falar!? Parabéns pelo excelênte texto, cara amigo Stresser 👏👏👏👏👏👏

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  2. Lados da mesma moeda?!!! Um lado é fascista!!!!! O outro já teve governos e nunca foi extremista!!!! Pense bem!!!

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  3. Está confundindo alhos com bugalhos! 🤦🏼‍♀

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  4. A ascensão da extrema direita é um fenômeno mundial, estrategicamente arquitetado por ideólogos do fascismo. O fomento ao radicalismo é uma tática planejada pelos fascistas para provocar esse efeito entre as pessoas, dividindo-as, e, consequentemente fraturando as famílias.

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