Milei choca comunidade científica internacional ao mandar a Argentina sair da COP 29
O presidente argentino Javier Milei, discursa no tom que lhe é peculiar - Mídia Ninja |
Na tarde dessa quarta-feira, 13 de novembro, a Argentina pegou a comunidade internacional de surpresa ao retirar seus representantes da COP 29, a grande conferência climática da ONU, que está acontecendo em Baku, no Azerbaijão. Por ordem direta de Javier Milei, presidente recém-eleito, a delegação argentina fez as malas e voltou para casa sem sequer participar das discussões principais. E olha que essa conferência é uma das principais do mundo no que diz respeito a clima e futuro do planeta.
Para quem não acompanha, a COP é onde líderes globais tentam, pelo menos em tese, achar um jeito de reduzir o aquecimento global e lidar com as mudanças climáticas. Com o planeta cada vez mais quente, a meta é simples (na teoria, pelo menos): evitar que o clima passe dos 2ºC acima dos níveis pré-industriais – porque, acima disso, os cientistas dizem que a coisa pode sair de controle. Só que, para Milei, toda essa discussão soa como um exagero. Assim como Trump, com quem ele deve se encontrar em breve, o presidente argentino acredita que a ONU quer “impor uma agenda ideológica” aos países.
A reação dele não parou por aí. Milei deu a ordem para os técnicos argentinos presentes deixarem a COP e, além disso, cancelou a viagem de outros membros da delegação que estavam para embarcar. O argumento? Eles estariam sendo pressionados a seguir “regras uniformes” sobre o clima, algo que o presidente considera um ataque à soberania da Argentina. Com essa decisão, a Argentina perde espaço no evento e deixa de colaborar com outros países, incluindo o bloco sul-americano que geralmente atua junto, composto por Brasil, Paraguai, e Uruguai.
Mas afinal, por que esse tipo de atitude preocupa tanto?
A postura de Milei chama atenção por um motivo simples: quando se nega a gravidade da mudança climática, o efeito não é só “deixar de ir em uma reunião.” É muito mais profundo. Esse tipo de negacionismo acaba bloqueando ações que poderiam evitar catástrofes. Para quem trabalha na área ambiental, essa decisão é preocupante, pois faz parecer que o aquecimento global é uma questão de opinião, e não algo embasado pela ciência. E é justamente aí que mora o perigo.
Especialistas explicam que, com líderes céticos como Milei e Trump, a questão climática perde espaço. Fica mais difícil conseguir consenso e apoio para ações concretas. Ou seja, enquanto outros países tentam unir esforços para enfrentar a situação, alguns, como a Argentina agora, optam por se distanciar.
O negacionismo sai caro
Não é só um problema ambiental; ele pesa no bolso. A falta de políticas e prevenção climática faz com que os países tenham que lidar com os efeitos das mudanças climáticas de forma mais cara e emergencial. Mais tempestades, mais incêndios, e mais secas causam estragos que custam muito mais do que os investimentos em prevenção. E, mesmo assim, Milei ainda segue essa linha de crítica à ONU, como se as evidências climáticas fossem “exageros” ou até “invenções.”
Para quem acompanha a ciência, o consenso já está mais do que claro. O aumento das temperaturas está ligado diretamente à ação humana, e adiar medidas de combate às mudanças climáticas torna o problema mais caro e arriscado. Não é uma opinião, é um fato: negacionismo custa caro.
O que a Argentina perde com essa saída?
Com essa decisão, a Argentina não só se afasta do diálogo global sobre o clima, mas também abre mão de possíveis apoios financeiros e tecnológicos que muitos países em desenvolvimento precisam para se adaptar às novas realidades ambientais. Como diz um diplomata argentino, a decisão de retirar a delegação significa que o país não quer se envolver com o que for decidido lá. Mas, ao não participar, a Argentina perde a oportunidade de estar ao lado dos demais países que se preocupam com o futuro do planeta.
O ato de Milei em ordenar o retorno da comitiva Argentina para Buenos Aires, segundo uma fonte das Nações Unidas, foi considerado hostil por cientistas de nações desenvolvidas que hoje se desdobram para tentar implantar medidas que possam mitigar as catástrofes causadas pela crise climática. O resultado é que essa postura vai isolando o país no cenário internacional, e tudo em nome de uma visão negacionista, que muitos consideram ultrapassada e perigosa.
Qual a mensagem que isso passa para o futuro?
Para quem se preocupa com as próximas gerações, essa saída da Argentina da COP 29 é um sinal claro de como o negacionismo ainda encontra espaço no alto escalão de alguns governos ao redor do mundo. Quando um líder se recusa a encarar o problema, os avanços em sustentabilidade e preservação do planeta ficam ainda mais difíceis. Fica evidente que o negacionismo não é só uma questão de “opinião contrária,” mas uma escolha que pode atrasar as ações coletivas de combate às mudanças climáticas. E, enquanto isso, a crise climática avança colocando a comunidade científica em estado de alerta.
Com sua atitude na COP, Javier Milei acaba lançando uma mensagem preocupante: o planeta não pode esperar enquanto líderes escolhem não acreditar nos fatos científicos. A crise climática é real, e a decisão de ignorá-la só aumenta os riscos para todos nós, em especial para os mais jovens que ainda vão testemunhar várias crises ao redor do mundo por conta da insanidade do negacionismo climático.
Ronald Stresser, ex-agente técnico das Nações Unidas (PNUD).
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