terça-feira, 8 de outubro de 2024

Há 40 anos nascia a primeira 'bebê de proveta' brasileira

Curitiba: pioneira na fertilização in vitro no Brasil e América Latina

 
 

O nascimento de Anna Paula Bettencourt Caldeira, no dia 7 de outubro de 1984, colocou Curitiba e a região metropolitana de São José dos Pinhais no mapa da ciência reprodutiva mundial. Ela foi o primeiro bebê gerado através de fertilização in vitro (FIV) no Brasil e em toda a América Latina, apenas seis anos após o nascimento da primeira bebê de proveta do mundo, Louise Brown, na Inglaterra.

A conquista foi um marco na medicina brasileira e latino-americana, conduzida pelo médico Milton Nakamura (1933-1998) e sua equipe. O nascimento de Anna Paula, filha da administradora hospitalar Ilza Maria Caldeira e do médico urologista José Antônio Caldeira, após diversas tentativas, representou um divisor de águas para a medicina reprodutiva no país.

Pioneirismo 

Antes da chegada de Anna Paula, a equipe médica de Nakamura havia realizado cerca de 20 tentativas de FIV. O sucesso da técnica em solo brasileiro trouxe esperança para milhares de casais que buscavam tratamentos para infertilidade. Na época, Ilza Caldeira não sabia que sua gestação seria pioneira, uma novidade para a medicina reprodutiva do Brasil e que marcaria o início de uma era de avanços e debates.

“Minha mãe teve de dar entrevista coletiva na saída do hospital”, contou Anna Paula durante uma live promovida pela Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), em 2021. Ilza recorda que durante todo o processo, não imaginava que estaria fazendo parte de algo tão inovador. “Na minha cabeça, já havia muitos nascidos com a técnica. Nunca perguntei qual era a estatística. Não sabia que era a primeira.”

Impacto

O nascimento de Anna Paula trouxe visibilidade imediata para o campo da reprodução assistida no Brasil, que desde então passou a se expandir de maneira acelerada. Segundo dados recentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Brasil contava com 192 Centros de Reprodução Humana Assistida em 2023, com mais de 56 mil ciclos de FIV realizados no ano, um crescimento de 10% em relação ao ano anterior.

Evolução

Com o avanço das técnicas, o termo “bebê de proveta” caiu em desuso. Hoje se utiliza cada vez mais a injeção intracitoplasmática de espermatozoides, técnica que fertiliza cada óvulo individualmente. O progresso da ciência permitiu que os procedimentos se tornassem menos invasivos e mais eficazes, com maior taxa de sucesso.

Para Anna Paula, ser a primeira bebê de FIV da América Latina não influenciou sua vida cotidiana, mas ela reconhece a importância histórica. “Sei o quanto isso é um marco na medicina, especial e importante, principalmente para as mulheres que não podem ter filhos.”

Reprodução assistida

A fertilização in vitro, que começou de forma experimental, evoluiu para se tornar uma técnica consolidada. Especialistas da área, vêem o futuro com otimismo. As novas tecnologias e o uso da inteligência artificial para selecionar óvulos e espermatozoides, aumenta as chances de sucesso na fertilização.

Com mais de 40 anos desde o nascimento do primeiro bebê de FIV no mundo, o Brasil celebra sua posição de vanguarda. Anna Paula, hoje residente nos Estados Unidos, reflete com orgulho sobre seu papel nesse avanço: “É muito lindo ver e estar envolvida com a evolução da medicina”.

Com o pioneirismo na fertilização in vitro, Curitiba se tornou um marco na história da ciência e medicina reprodutiva, abrindo caminho para o desenvolvimento de técnicas que hoje transformam vidas em todo o Brasil e além.

Ronald Stresser, da redação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gostou?
Então contribua com qualquer valor
Use a chave PIX ou o QR Code abaixo
(Stresser Mídias Digitais - CNPJ: 49.755.235/0001-82)

Sulpost é um veículo de mídia independente e nossas publicações podem ser reproduzidas desde que citando a fonte com o link do site: https://sulpost.blogspot.com/. Sua contribuição é essencial para a continuidade do nosso trabalho.