sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Debate na Globo virou eleição em Curitiba

Escândalo e pesquisa bloqueada: Campanha de Pimentel sob pressão após denúncias, mudança de cenário eleitoral e reações na extrema direita

 
A dois dias das eleições, pesquisa Quaest/RPC é censurada em Curitiba / Imagem Autogerada
 

Curitiba, urgente — Com a eleição para prefeito de Curitiba se aproximando, o cenário eleitoral se complica ainda mais. Além do escândalo envolvendo a coação de servidores públicos e a tentativa da campanha de Eduardo Pimentel, apoiado por Bolsonaro e Ratinho Junior, de impedir a divulgação de uma pesquisa encomendada pela RPC, uma nova reviravolta ocorre: uma mensagem circulando nas redes bolsonaristas pede aos "patriotas" que não votem no 55, número de Pimentel. A extrema direita estaria se sentindo traída por senadores do PSD, que votaram contra o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, contrariando vários pedidos e até um abaixo-assinado de bolsonaristas do país inteiro.

Jantar de 3 mil reais: Denúncias de coação e suspeita de "rachadinha eleitoral"

O escândalo que abalou a campanha de Pimentel envolve um provável esquema de coerção financeira, no qual servidores municipais estariam sendo obrigados a comprar ingressos para um jantar de arrecadação política do PSD de Curitiba, com valores que chegavam a R$ 3 mil.

Organizado pelo partido de Pimentel, o evento chamou a atenção do Ministério Público do Trabalho (MPT), que determinou a devolução do valor pago pelos servidores. Em um áudio vazado, o superintendente de Tecnologia da Informação da Prefeitura de Curitiba, Antonio Carlos Pires Rebello, pressionava funcionários a contribuírem, sob ameaça de demissão.

Além do jantar, servidores denunciaram pressões para atuarem na campanha de Pimentel, como fiscais e delegados no dia da eleição. A campanha tentou dissociar Pimentel do escândalo, afirmando que a decisão foi individual do servidor envolvido, que já foi exonerado. No entanto, adversários como Luciano Ducci e Ney Leprevost pedem investigações mais profundas, incluindo uma denúncia feita pessoalmente por Leprevost na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde o presidente Lula esteve preso em uma sala especial por 580 dias antes de retornar à presidência nas últimas eleições.

O debate na Globo e a virada  no jogo

O debate promovido pela RPC, realizado ontem, trouxe uma reviravolta no cenário eleitoral. Relatos de jornalistas frequentadores da Boca Maldita, no centro de Curitiba, indicam que a atuação de Requião, no confronto direto entre os candidatos, foi determinante para uma mudança na percepção do eleitorado curitibano.

Requião, que em agosto estava em terceiro nas pesquisas, destacou-se ao afirmar com convicção: "Fiz quando fui prefeito, e ainda posso fazer melhor." Essa postura firme parece ter conquistado eleitores que buscam experiência e renovação, o que aumentou suas chances de disputar o segundo turno.

Na base dos partidos de esquerda e até mesmo da direita, o apoio a Requião cresce nesta reta final, pois ele goza da simpatia de ambos e isto pode se traduzir em mais apoio. Impulsionado pelo seu desempenho no debate e sua capacidade de se posicionar com firmeza, mesmo sem tempo no horário eleitoral Requião ganha terreno a cada momento. Com isso, há uma expectativa crescente de que, se chegar ao segundo turno, ele possa disputar em condições mais equilibradas, demonstrando ainda mais garra e determinação.

Se antes Requião podia surpreender, e realmente surpreendeu, agora, ao que parece, ele tem a chance real de vencer se chegar ao segundo turno, mesmo que sem dinheiro, pois o tempo de TV será equiparado no eventual segundo tempo do jogo eleitoral. Afinal, será que essa briga toda, que parece demonstrar uma dose exacerbada de desespero, não seria porque Requião cresceu na pesquisa?

Outra que pode encostar na liderança é Cristina Graeml (PMB), que está sendo considerada como voto melhor opção de voto útil pelo bolsonarismo. Circula nas redes postagem afirmando que ela teria recebido a adesão do ex-presidente Jair Bolsonaro em sua campanha.

Campanha de Pimentel censura pesquisa Quaest/RPC na justiça

Com o cenário eleitoral em ebulição, a campanha de Pimentel - que aparenta estar derretendo - conseguiu há pouco  que a Justiça Eleitoral suspenda a divulgação da pesquisa Quaest, contratada pela RPC TV, afiliada da Rede Globo em Curitiba, que seria divulgada amanhã pela emissora. 

A decisão é da juíza Cristine Lopes, da 1ª Zona Eleitoral de Curitiba, que acolheu ao pedido da coligação encabeçada pelo candidato Eduardo Pimentel (PSD). Sendo que ainda cabe recurso da decisão ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE).

A pesquisa encomendada pela RPC, traria os dados atualizados após o debate. Esse bloqueio judicial gerou ainda mais especulações sobre uma possível virada nas intenções de voto e levantou críticas de setores independentes. A pesquisa poderia revelar o crescimento de Requião e Leprevost, intensificando as pressões sobre a campanha de Pimentel.

Circular Bolsonarista: "alerta de traição" e rejeição ao 55

Para complicar ainda mais a situação de Pimentel, uma circular nas redes sociais bolsonaristas, principalmente nos grupos de WhatsApp, pede que os "patriotas" que não votem no 55, devido à insatisfação com senadores aliados que se recusaram a apoiar o impeachment do ministro Alexandre de Moraes.

Esse sentimento de traição, por parte da direita, ameaça fragmentar a base bolsonarista de Pimentel, colocando em risco seu apoio entre os eleitores mais conservadores, que são vistos como fundamentais para que a sua candidatura possa chegar ao segundo turno e vencer as eleições.

Perspectiva para o domingo

Faltando apenas dois dias para a eleição, o cenário em Curitiba está altamente volátil e imprevisível. O "kisuco está fervendo", como dizem os jornalistas 'das antigas' que frequentam a Boca Maldita.

O candidato do prefeito Rafael Greca, Eduardo Pimentel, enfrenta não apenas o impacto das denúncias de coação de servidores, mas agora também fortes críticas por censurar a pesquisa da RPC e as divisões dentro de sua base eleitoral. Por outro lado, Requião, com seu desempenho firme e confiante, continua ganhando força a cada hora que passa.

No próximo domingo, dia 6 de outubro, saberemos quem passará para o segundo turno, e, se o eleitorado assim quiser, poderá ver Requião disputar a prefeitura de igual para igual. Mesmo sem os milhões do fundo partidário eleitoral que privilegiaram todas as chapas, à excessão de Requião (Mobiliza) e Cristina Graeml (PMB), que também não tem tempo gratuito de rádio e TV. Já em um eventual segundo turno: "iguala tudo", como diz Roberto Requião. A falta de subsídios públicos para essas campanhas parece não atrapalhar muito, já que ambos são considerados candidatos "antissistema".

O ex-governador tem demonstrado muita tranquilidade, determinação e garra, bem como uma disposição invejável por parte dos candidatos e candidatas mais jovens, trabalhando com afinco e muita dedicação para conquistar o apoio de um público cada vez maior. Enquanto passam as horas, aguardamos os acontecimentos olhando para o relógio: tic, tac...

Informa: Ronald Stresser, de Curitiba.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gostou?
Então contribua com qualquer valor
Use a chave PIX ou o QR Code abaixo
(Stresser Mídias Digitais - CNPJ: 49.755.235/0001-82)

Sulpost é um veículo de mídia independente e nossas publicações podem ser reproduzidas desde que citando a fonte com o link do site: https://sulpost.blogspot.com/. Sua contribuição é essencial para a continuidade do nosso trabalho.