Abstenção influencia resultado no 1º turno em Curitiba, favorecendo bolsonaristas
Extrema direita domina 2º turno com ajuda de abstenções - Sulpost/OpenAI |
As eleições municipais de 2024 em Curitiba revelaram mais do que a vitória de dois candidatos à prefeitura que disputarão o segundo turno: Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB). Elas trouxeram à tona um fenômeno preocupante, ainda que recorrente, nas urnas brasileiras: a abstenção. Apesar de uma leve queda de 3% em relação ao pleito de 2020, a capital paranaense ainda registrou um índice significativo de 27,74% de eleitores ausentes, ou seja, mais de 394 mil curitibanos não compareceram às urnas.
Com 1.423.722 eleitores aptos a votar, 1.028.810 exerceram seu direito de escolha, mas a ausência de mais de um quarto dos votantes pode ter tido um impacto direto no resultado do primeiro turno. Se parte desse contingente tivesse comparecido às urnas, o cenário poderia ser diferente, e o apoio a candidatos com plataformas bolsonaristas, como Graeml, poderia ter sido mitigado. A abstenção, portanto, tornou-se um fator crucial para o resultado, uma vez que não votar também é, em certo grau, uma forma de decidir a eleição.
O peso da abstenção no cenário político atual
A alta taxa de abstenção em Curitiba acompanha uma tendência nacional. Dados preliminares do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicam que 21,71% dos eleitores brasileiros não compareceram às urnas no primeiro turno, um número considerável, ainda que menor que em eleições passadas. No entanto, esse número reflete uma parcela significativa do eleitorado que, ao se ausentar, permite que a decisão seja tomada por uma base ativa, influenciada por campanhas digitais e discursos polarizados.
Essa inação favoreceu o avanço de Cristina Graeml, jornalista e novata na política, com uma estratégia centrada nas redes sociais e no apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Autointitulada "conservadora raiz", Graeml emergiu como um nome forte, mesmo sem tempo de TV e rádio, superando adversários mais experientes com a ajuda de sua conexão direta com o eleitorado bolsonarista. A jornalista conquistou 31,1% dos votos, quase empatando com Eduardo Pimentel, que obteve 33,5%, e segue para o segundo turno.
A força do bolsonarismo em Curitiba não é novidade. Nas eleições presidenciais de 2022, Jair Bolsonaro recebeu quase 65% dos votos na capital paranaense. Esse apoio consolidado se reflete nas urnas municipais de 2024, onde tanto Graeml quanto Pimentel, vice-prefeito da cidade, tentam se firmar como herdeiros políticos desse eleitorado. Graeml, em especial, focou sua campanha em temas caros ao conservadorismo, como críticas ao Supremo Tribunal Federal e alinhamento com lideranças bolsonaristas como Nikolas Ferreira e Pablo Marçal.
Quem não vota também decide
Se os 27,74% de curitibanos que se abstiveram tivessem comparecido, o cenário poderia ter sido outro. O alto índice de abstenção é um fenômeno que afeta especialmente a esquerda e os grupos políticos que se opõem ao bolsonarismo, uma vez que muitos eleitores progressistas, desmotivados ou descrentes no processo político, optam por não votar. Esse fator se mostrou decisivo para que candidatos ligados a Jair Bolsonaro impusessem uma derrota à esquerda e ao grupo político da Lava-jato, de grande influência histórica na capital.
Graeml, por exemplo, conseguiu canalizar a insatisfação de uma parcela do eleitorado conservador, atraindo os que se sentem desiludidos com a política tradicional. Ao mesmo tempo, parte do eleitorado que poderia ter oferecido resistência à ascensão das candidaturas da extrema-direita simplesmente não compareceu às urnas. Dessa forma, ao não participar do processo eleitoral, essa parcela do eleitorado também acabou contribuindo para os resultados.
Segundo turno repleto de desafios
Com a disputa entre Eduardo Pimentel e Cristina Graeml no segundo turno, Curitiba se vê diante de um confronto de forças políticas que, em muitos aspectos, refletem a polarização nacional. Pimentel, com apoio formal do PL de Bolsonaro e dos principais nomes do PSD, como o governador Ratinho Jr. e o prefeito Rafael Greca, aposta em sua experiência como vice-prefeito para angariar mais votos. No entanto, Graeml, que afirma ser uma "bolsonarista raiz", vem se apresentando como uma candidata antissistema, atraindo o eleitorado mais radicalizado e conservador.
O segundo turno será um momento crucial para decidir o futuro de Curitiba, e a participação do eleitorado será ainda mais importante. Para além do embate político, está em jogo a responsabilidade dos eleitores em comparecer às urnas e definir os rumos da cidade pelos próximos quatro anos. Afinal, como mostra o primeiro turno, a abstenção pode ser tão decisiva quanto o voto.
Bancada de direita na CMC
O resultado das abstenções também se refletiu nas bancadas partidárias. A direita cresceu e vai continuar formando a maioria na Câmara de Vereadores de Curitiba, agora ainda mais forte. Veja abaixo a lista dos partidos e o número de vereadores eleitos por cada legenda no primeiro turno de 2024:
- PSD – 7 vereadores eleitos
- União Brasil – 5 vereadores eleitos
- PL – 4 vereadores eleitos
- Republicanos – 3 vereadores eleitos
- Novo – 3 vereadores eleitos
- Pode (Podemos) – 3 vereadores eleitos
- PT – 3 vereadores eleitos
- PP – 3 vereadores eleitos
- PDT – 2 vereadores eleitos
- MDB – 2 vereadores eleitos
- PSOL – 1 vereador eleito
- PSB – 1 vereador eleito
- Agir – 1 vereador eleito
Falando em abstenção, o texto afirma: "Apesar de uma leve queda de 3% em relação ao pleito de 2020..."
ResponderExcluirEntão estamos avançando!
E continua:
“Se parte desse contingente tivesse comparecido às urnas, o cenário poderia ser diferente, e o apoio a candidatos com plataformas bolsonaristas, como Graeml, poderia ter sido mitigado.”....
“A jornalista conquistou 31,1% dos votos, quase empatando com Eduardo Pimentel, que obteve 33,5%.........Nas eleições presidenciais de 2022, Jair Bolsonaro recebeu quase 65% dos votos na capital paranaense”....
Com quais dados esta afirmação se mantém? E discorro:
Na matemática a soma dos dois dá 64,6 % o que aproxima em muito do que foi cristalizado em 2022, já que os dois candidatos se autoproclamam apoiados pelo inelegível. Se de 2022 para agora houve queda de 3% de abstenções, isso indica, pela diferença irrisória na escolha dos apoiados pelo genocida, que a abstenção, não tem a capacidade de mudar o cenário eleitoral. Ademais a escolha dessa forma de participação é, via de regra, fruto do despreparo político das pessoas, que são, por isso mesmo, mais facilmente manipuláveis pelos argumentos que o texto elenca.