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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Freud: "Delírio por Isolamento e Convívio"

"O eremita volta as costas a este mundo; não quer ter nada a ver com ele. Mas podemos fazer mais do que isso; podemos tentar recriá-lo, tentar construir um outro em vez dele, no qual os componentes mais insuportáveis são eliminados e substituídos por outros que correspondam aos nossos desejos.

Quem por desespero ou desafio parte por este caminho, por norma, não chegará muito longe; a realidade será demasiado forte para ele.

Torna-se louco e normalmente não encontra ninguém que o ajude a levar a cabo o seu delírio.

Diz-se contudo, que todos nós nos comportamos em alguns aspectos como paranóicos, substituindo pela satisfação de um desejo alguns aspectos do mundo que nos são insuportáveis transportando o nosso delírio para a realidade.

Quando um grande número de pessoas faz esta tentativa em conjunto e tenta obter a garantia de felicidade e proteção do sofrimento através de uma transformação ilusória da realidade, adquire um significado especial.

Também as religiões devem ser classificadas como delírios em massa deste gênero.  Escusado será dizer que ninguém que participa num delírio o reconhece como tal."

Sigmund Freud, em "A Civilização e os Seus Descontentamentos"

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