Heidegger caminhando pela Floresta Negra |
Em quase todos os escritos posteriores, a partir da própria “Introdução à Metafísica”, encontramos referências mais ou menos extensas a Nietzsche, e muitos desses escritos são-lhe expressamente dedicados; o conjunto mais importante das investigações sobre Nietzsche, para que remetem os ensaios menores e que consiste fundamentalmente numa série de cursos universitários ditados em Friburgo entre 1936 e 1940, juntamente com outros escritos e esboços de menor vulto, está reunido em dois volumes de “Nietzsche”, publicados em 1961.
Esta obra constitui como que uma “summa” das indagações de Martin Heidegger não só sobre Nietzsche como sobre toda a história da metafísica, e ocupa uma posição significativamente central no desenvolvimento de Martin Heidegger posterior a "Ser & Tempo", precisamente porque (...) a reflexão sobre a metafísica constitui a continuação do esforço para concretizar, de maneira extrema, a analítica existencial, objetivo devido a qual Martin Heidegger se orienta para classificar o sentido do ser, que era o objetivo para que tendia "Ser & Tempo".
Sabemos que a terceira seção da parte I de “Ser e Tempo” devia ter o título de “Tempo e Ser”. Ora bem, mesmo quando na reflexão sobre a história da metafísica o tempo parece não figurar como tema, é, no entanto, verdade que, concebida a metafísica como “história” do ser, uma meditação desta história chega a ser, no sentido mais cabal, também uma clarificação da relação ser-tempo.
A metafísica chega ao seu fim com Nietzsche na medida em que este se apresenta como o primeiro niilista verdadeiro; e a essência mais profunda da metafísica é precisamente o niilismo: “A essência do niilismo é a história em que do ser já não fica mais nada”², e essa história é justamente a história da metafísica como “esquecimento cada vez mais petrificado do ser”³.
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Fonte: VATTIMO, Gianni. "Introdução a Heidegger". Lisboa: 1996, p. 90 e 91. 1- "Niilismo": Wikipédia. 2 - “Nietzsche”, volume II, p. 338. 3 - “Introdução à Metafísica”, p. 36. - Imagem: Martin Heidegger (CC0)
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