domingo, 14 de setembro de 2025

Lula respobde Trump e lança questão: quem são os verdadeiros patriotas?

Patriota de verdade: Lula defende soberania brasileira em artigo no The New York Times

Por Ronald Stresser | Da redação


No domingo em que o Brasil e os Estados Unidos voltaram a trocar farpas públicas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu o palco do The New York Times para reafirmar uma ideia simples e contundente: a democracia e a soberania do Brasil não estão em pauta. O editorial assinado pelo próprio presidente — publicado em 14 de setembro — coloca no centro de um debate maior a pergunta que ecoa nas ruas e nos gabinetes: quem veste, de fato, a camisa da pátria?

Um gesto direto a Washington

Lula abre o texto lembrando sua trajetória: de líder sindical a chefe de Estado, sempre condicionado à exigência do diálogo. Foi esse mesmo diálogo que o motivou a se dirigir diretamente ao público e à liderança norte-americana num momento em que a relação bilateral se tensiona por um aumento tarifário de 50% sobre produtos brasileiros.

Mais do que um recado retórico, o artigo é um esforço de colocar números e narrativa na mesa: segundo o presidente, os dados mostram que a decisão é política — e o remédio encontrado por Washington, equivocado.

Tarifaço: sem lógica econômica, com objetivo político

No centro da crítica está a taxa de 50% imposta pelo governo dos Estados Unidos. Lula destaca que, nos últimos 15 anos, os EUA acumularam um superávit de US$ 410 bilhões nas trocas com o Brasil e que aproximadamente 75% das exportações americanas ao Brasil entram sem tarifas, com uma tarifa média efetiva de apenas 2,7%.

Daí a conclusão do presidente: a medida não nasce da conta econômica, mas da conveniência política — um instrumento usado, na visão dele, para proteger figuras políticas específicas em face de decisões judiciais brasileiras.

O julgamento do STF e a defesa da democracia

O artigo também enaltece a atuação do Supremo Tribunal Federal. Para Lula, a condenação — resultado de meses de investigação — não foi uma retaliação, mas uma reação constitucional a um plano que, segundo as investigações, incluía até ameaças de violência contra autoridades. “Não se tratou de caça às bruxas”, escreve o presidente, pontuando que, ao condenar, o STF preservou o Estado Democrático de Direito.

Fake news, PIX e Amazônia

Além da pauta comercial, Lula reagiu a outras críticas: disse que a regulação das plataformas digitais não é sinônimo de censura e que a internet não pode ser “terra sem lei”. Defendeu o PIX como instrumento de inclusão financeira e inovação que transformou a vida de milhões de brasileiros, e advertiu contra qualquer tentativa de tratar o sistema como “concorrência desleal”.

No campo ambiental, o presidente recordou avanços recentes — a redução do desmatamento pela metade em dois anos e apreensões financeiras de grande porte ligadas ao crime ambiental — e lançou um apelo ao esforço coletivo internacional: sem metas reais de redução de emissões, a Amazônia corre risco sério de degradação.

Relação bilateral: abertura ao diálogo com limites

Apesar da crítica dura às medidas americanas, Lula não fechou as portas ao diálogo. Citou trecho de um discurso de Donald Trump na ONU sobre respeito entre nações para sinalizar disposição à negociação, mas reiterou: há princípios que não se negociam. Democracia e soberania, para o presidente, estão nesse núcleo.

Quem são os patriotas?

Ao fazer a pergunta que abre esta reportagem, o presidente propõe uma reflexão moral e política: patriotismo se confunde com espetáculo, com camiseta e bandeira, ou se define pela defesa concreta dos interesses da nação nas mesas de negociação e pelas instituições que a protegem?

Na Avenida Paulista, manifestações recentes mostraram um Brasil em que símbolos se misturam: camisas da seleção, palavras de ordem e até bandeiras estrangeiras. Para Lula — e para muitos analistas — o verdadeiro patriotismo exige coerência: proteger a economia, respeitar a Constituição e defender a soberania num mundo onde as decisões podem ser impostas unilateralmente.

O artigo do presidente no New York Times não é apenas uma resposta técnica a uma política comercial; é, sobretudo, uma convocação. Convocação para que o Brasil — suas instituições, sua sociedade e seus líderes — reafirmem o que significa ser uma nação soberana em tempos de pressões externas. E para lembrar que, em diplomacia como em democracia, o respeito se ganha com argumentos, números e firmeza de princípios.

— Ronald Stresser

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