Super Tucano da Embraer conquista o Panamá e reforça liderança da indústria brasileira
Quatro A-29 foram comprados pelo Serviço Nacional Aeronaval do Panamá; aeronave multimissão segue como cartão-postal da defesa brasileira
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O A-29 Super Tucano: compacto, versátil e silencioso — Foto: Embraer |
No céu da América Latina, uma aeronave de linhas firmes e som contido voltou a desenhar um mapa de confiança e soberania. Em 4 de setembro, a Embraer anunciou a venda de quatro aeronaves A-29 Super Tucano ao Serviço Nacional Aeronaval do Panamá, reforçando uma trajetória que mescla tecnologia, custo-benefício e adaptação a missões reais.
Com esse contrato, o Panamá se tornou o oitavo país da América Latina a incorporar o Super Tucano — juntando-se a Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Uruguai e República Dominicana — numa constelação regional que confia em uma plataforma concebida para missões concretas: vigilância, reconhecimento e proteção.
Para Bosco da Costa Junior, presidente da Embraer Defesa & Segurança, “é uma honra para a Embraer ver mais um país da América Latina escolher o A-29 Super Tucano para alavancar as suas capacidades de vigilância, reconhecimento e proteção”. Em sua avaliação, a escolha do Panamá reforça a vocação do Super Tucano como “um forte aliado para apoiar o país na sua missão de manter a soberania nacional”.
Uma aeronave multitarefa
O A-29 Super Tucano é, no jargão técnico, uma aeronave multimissão 3 em 1: ataque leve, reconhecimento armado e treinamento tático. Sua concepção prioriza discrição operacional — baixo ruído e assinatura visual reduzida — o que o torna adequado para operar em cenários onde a detecção rápida seria um risco.
Compacto nas medidas mas robusto nas capacidades, o Super Tucano tem 13,38 m de comprimento, 11,14 m de envergadura e 3,97 m de altura, alcançando até 593 km/h. Essas dimensões traduzem uma equação simples: mobilidade, economia e rapidez de reação — qualidades que pesam igualmente quando um país decide proteger fronteiras, rotas marítimas ou garantir apoio aéreo a forças em solo.
Armamento e missões — objetividade tática
Apesar do porte, a dotação bélica do A-29 é ampla e adaptável. Entre os equipamentos que podem ser embarcados estão lançadores de foguetes (7 x 70 mm e 19 x 70 mm), bombas de diversos calibres (MK-81, MK-82, M-117), sistemas de foguete guiado a laser (APKWS) e dispensadores de treinamento (SUU-20). Essas capacidades colocam o Super Tucano em um leque de missões que vai do apoio aéreo aproximado ao reconhecimento armado, da escolta à vigilância de fronteira e até à proteção de rotas marítimas.
Em operações cotidianas — patrulha de costa, escolta de comboios, interdições — a simplicidade logística e a economia operacional transformam o avião em recurso central para nações que precisam balancear orçamento e eficácia.
Produto brasileiro com presença global
Não é por acaso que o A-29 já foi escolhido por 22 Forças Aéreas ao redor do mundo. Do Afeganistão a países africanos e asiáticos, sua presença sinaliza que o projeto da Embraer — acompanhado pelo KC-390 Millennium na pauta de exportações — oferece uma resposta competitiva em mercados exigentes.
Internamente, essa dinâmica tem reflexos econômicos: a Base Industrial de Defesa brasileira segue em expansão e, no primeiro semestre de 2025, ultrapassou a marca histórica de US$ 2 bilhões em autorizações de exportação de produtos e serviços — um termômetro da maturidade do setor.
O que a venda ao Panamá significa
Cada aeronave entregue é mais do que metal e aviônicos — é um elo que liga a engenharia nacional às necessidades de segurança dos países vizinhos. Para o Panamá, que atua intensamente na vigilância de suas rotas marítimas e no controle de sua vasta zona costeira, o A-29 representa uma peça que combina persistência de missão e custo operacional reduzido.
Para o Brasil, a negociação reafirma algo maior: a capacidade de projetar tecnologia e criar parcerias regionais que somam soberania e economia. Em um mundo onde decisões estratégicas alternam entre compras caras e versáteis soluções regionais, o Super Tucano segue como alternativa viável e comprovada.
No horizonte
À medida que as Forças Aéreas avaliam cenários e atualizam doutrinas, o A-29 continua a aparecer como opção prática. Seja em missões de baixa intensidade, seja como plataforma de treinamento tático, sua mistura de simplicidade, adaptabilidade e baixo custo torna-o atraente — e, às vezes, decisivo.
A venda ao Panamá é, portanto, tanto um feito comercial quanto um capítulo a mais em uma história onde o céu latino-americano recebe, de forma cada vez mais constante, um produto que nasceu no Brasil e encontrou no mundo razões para voar.
📌 Com informações da Embraer; Base Industrial de Defesa (BID). Edição por Ronald Stresser — Sulpost
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