quinta-feira, 17 de abril de 2025

Qual a fórmula do dia perfeito?

Cientistas descobrem a fórmula do dia perfeito – e talvez seja mais simples do que imaginamos

Por Ronald Stresser*

 
 

Era uma terça-feira qualquer quando a jornalista britânica Hannah Ewens teve um estalo: "Este foi o dia perfeito". Estava em Los Angeles, fevereiro de 2024, e viveu uma rotina que poderia repetir eternamente, sem arrependimentos no leito de morte. Tudo começou com uma aula de spinning cedo, seguida de algumas horas de trabalho. Depois, uma visita à biblioteca para estudar um tema pessoal, um jantar sozinha – longe do celular, observando os californianos com seus personal trainers e seus cachorros – e, para fechar, uma noite leve na casa de uma amiga. Nada espetacular. Mas absolutamente equilibrado.

E essa sensação de harmonia não era por estar de férias ou fora de casa. Era a proporção certa entre fazer o que precisava ser feito e o que se queria fazer. Agora, cientistas da Universidade da Colômbia Britânica parecem ter colocado essa intuição em números. Com base em dados da pesquisa *American Time Use Survey*, eles analisaram os chamados "dias melhores que a média" e chegaram à fórmula do dia ideal.

O cardápio do bem-estar

Segundo os pesquisadores, um dia perfeito seria composto por:

- 6 horas de tempo de qualidade com a família

- 2 horas com amigos

- 1h30 de interação social mais ampla

- 6 horas de trabalho

- 15 minutos de deslocamento

- 2 horas de exercícios físicos

- 1 hora no máximo de tela (celular, computador, TV)

Olhar para essa lista é quase como encarar um ideal inalcançável. Mas também é um lembrete simples e poderoso: a vida boa não está necessariamente nos excessos, mas na harmonia. Tudo ali tem seu espaço: o corpo, a mente, o trabalho, os afetos. E até mesmo o que muitas vezes parece um fardo, como o expediente profissional, é entendido como parte do sentido da vida.

O grande obstáculo? O relógio corporativo

Para a maioria das pessoas, no entanto, essa fórmula esbarra em uma dura realidade: a jornada de trabalho de oito a nove horas, que consome o tempo e a energia que poderiam ser investidos em amigos, família ou movimento. Como bem observa Hannah, nem todos têm a autonomia de um empreendedor ou a flexibilidade de um freelancer.

"Sou feita para me concentrar intensamente por quatro ou cinco horas. Depois disso, estou drenada, com a cabeça cheia de algodão, pronta apenas para tomar mais café, rolar o feed do celular ou atrapalhar os colegas", confessa.

E quem não se reconhece nesse ciclo? Quantos de nós já não sentimos que vivemos para trabalhar, ao invés de trabalhar para viver?

E quem não tem a família tradicional?

A pesquisa também parte de uma média americana que nem sempre reflete a diversidade de experiências. E quem mora longe da família, é solteiro ou simplesmente valoriza o tempo sozinho? No lugar das seis horas com parentes, Hannah diz que prefere investir esse período em hobbies, leitura, caminhada, ou qualquer atividade que a aproxime dela mesma.

Uma nova métrica de felicidade

No fim das contas, a proposta não é seguir a risca um cronograma cravado, mas redescobrir a importância de viver com equilíbrio. A fórmula nos convida a repensar a forma como distribuímos nosso tempo e energia. Afinal, já temos um modelo de vida com nove horas de trabalho e cinco de tela por dia – e não parece estar funcionando tão bem assim.

Talvez o que a ciência esteja nos dizendo é o que nossos corpos e corações já gritam há tempos: a vida boa é feita de equilíbrio, conexões reais e espaço para simplesmente ser.

*com informações do Independent.

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