AGU solicita investigação sobre fake news atribuída a Galípolo que impactou mercado financeiro
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© LULA MARQUES/ AGÊNCIA BRASIL |
Uma tempestade de desinformação tomou conta das redes sociais nesta semana, gerando uma crise que agora está na mira das autoridades. A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu à Polícia Federal e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que investiguem um possível crime de manipulação contra o mercado de capitais. O motivo? A divulgação de declarações falsas atribuídas a Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária do Banco Central e indicado à presidência da instituição a partir de janeiro.
Na terça-feira (17), postagens em um perfil no X (antigo Twitter) atribuíram a Galípolo declarações como: “A moeda dos Brics nos salvaguardaria da extrema influência que o dólar exerce no nosso mercado” e estimativas de que o dólar estaria fixado em R$ 5. Nada disso foi dito por ele. As informações falsas se espalharam rapidamente, ganhando destaque em perfis de analistas econômicos e alimentando a instabilidade cambial.
O Banco Central prontamente desmentiu os boatos, mas o estrago já estava feito. Na quarta-feira (18), o dólar atingiu R$ 6,2672, marcando um aumento de 2,82% no dia—a maior alta percentual desde novembro de 2022. Além disso, a Bolsa de Valores registrou perdas, refletindo o impacto da desinformação na confiança do mercado.
Karina Nathércia Lopes, procuradora nacional da União de Defesa da Democracia, enfatizou a gravidade da situação: “Manifestações em plataformas digitais não podem ser realizadas para gerar desinformação sobre políticas públicas nem minar a legitimidade das instituições democráticas”. A AGU argumenta que a disseminação de fake news comprometeu a política de estabilização cambial do governo, trazendo consequências diretas à economia do país.
Impacto econômico e resposta do governo
A volatilidade do dólar está associada não apenas às postagens falsas, mas também às incertezas em torno do pacote fiscal proposto pelo governo. O Congresso avançou em medidas para conter gastos, como o projeto aprovado na Câmara que impede o aumento de benefícios fiscais em situações de déficit. Contudo, analistas seguem céticos quanto à eficácia dessas medidas.
Enquanto isso, o Banco Central realizou leilões no mercado de câmbio para conter a alta do dólar, sem sucesso em frear completamente a desvalorização do real. A situação evidencia os desafios enfrentados pelo governo para estabilizar a economia.
Um alerta sobre o impacto da desinformação
A postagem original, que gerou toda a confusão, foi deletada após a repercussão, e o autor excluiu a conta no X. Apesar disso, os danos causados já foram sentidos. Para Karina Lopes, o episódio é um lembrete do poder destrutivo das fake news: “Boatos como esses não apenas prejudicam a credibilidade de instituições democráticas, mas também afetam diretamente a vida de milhões de brasileiros”.
O caso também coloca em evidência a responsabilidade das plataformas digitais na prevenção da desinformação. Com a investigação da PF e da CVM em andamento, espera-se que os culpados sejam identificados e que medidas preventivas sejam reforçadas para evitar que situações similares ocorram no futuro. Enquanto isso, a população brasileira segue lidando com as consequências de uma instabilidade econômica que, em parte, poderia ter sido evitada.
Ronald Stresser, da redação.
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