quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Fim da escala 6x1, quem ganha é o trabalhador

Fim da escala 6x1: PEC, de autoria da deputada Erika Hilton, propõe jornada de semanal de 36 horas e defende mais qualidade de vida para o trabalhador. 

 
Ponto eletrônico - Imagem gratuita/PixaBay
 

A escala de trabalho 6x1, na qual o trabalhador encara seis dias de trabalho para uma única folga, pode estar com os dias contados. Uma nova proposta de Emenda Constitucional (PEC), de autoria da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), pretende diminuir a carga semanal de trabalho para 36 horas, defendendo um novo fôlego para o trabalhador brasileiro. A ideia é simples e direta: ao reduzir as horas de trabalho, o foco é permitir que os trabalhadores tenham tempo para estudar, ficar com a família e cuidar da saúde. Hilton fala com clareza sobre o que deseja: "A gente precisa de um modelo que permita à pessoa trabalhar e viver, não só sobreviver."

O que muda com essa PEC?

A proposta reduz o limite semanal de trabalho de 44 para 36 horas e sugere uma escala de quatro dias de trabalho com três dias de folga. Na prática, isso daria mais espaço para o trabalhador viver sem a sobrecarga que, hoje, a escala 6x1 impõe a milhões de pessoas, principalmente nos setores de comércio e serviços, onde essa escala é praticamente uma regra. Só que, para isso ir para frente, Hilton precisa de apoio — ao menos 171 assinaturas de deputados. Até agora, já são 154, incluindo nomes da bancada paranaense, como o deputado Luciano Ducci (PSB), e parlamentares do PT. 

Quem acompanha o movimento nas redes sociais já viu as campanhas ganharem força. Movimentos como o VAT (Vida Além do Trabalho) vêm pressionando deputados para que assinem a PEC e deem início à tramitação. Nas redes, não é raro ver comentários pedindo o fim da escala 6x1.

Impacto para setores como comércio e serviços

É claro que essa mudança impactaria diretamente setores onde o trabalho aos finais de semana é crucial para manter as operações. Com menos horas por trabalhador, setores como o comércio e hotelaria vão ter de rever as escalas e, provavelmente, contratar mais gente para suprir a demanda. Segundo especialistas, isso pode gerar novas oportunidades de emprego e, ao mesmo tempo, exigir uma adaptação dos empregadores. 

Mais qualidade de vida e a chance de viver além do trabalho

A proposta também carrega uma discussão que vai além das questões econômicas. Fala de qualidade de vida, algo que, segundo Hilton, deve ser visto como um direito básico e uma necessidade, especialmente num contexto em que a sobrecarga é uma queixa constante. Um modelo de jornada 4x3 permitiria que o trabalhador tivesse mais tempo de descanso, uma convivência familiar mais sólida e até espaço para investir em seu próprio desenvolvimento, sem chegar ao final do dia exausto e sem perspectivas.

Experiências internacionais mostram que uma jornada mais curta pode sim melhorar o bem-estar e a produtividade. Países como o Reino Unido e a Espanha vêm testando jornadas menores com resultados promissores. A expectativa é que trabalhadores mais descansados se sintam mais motivados e produzam até mais.

E agora, o que vem pela frente?

Esse é só o começo. Depois de reunir as assinaturas necessárias, a PEC ainda terá que passar por várias etapas, incluindo a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, depois, uma votação de peso no plenário, onde precisa de 308 votos para seguir. Se aprovada, ainda vai para o Senado.

Essa pressão pela jornada de 36 horas é um passo a mais no debate sobre as condições de trabalho e o que se entende por qualidade de vida no Brasil. Enquanto isso, o engajamento popular e o apoio dos parlamentares podem ser decisivos para que o país finalmente adote um modelo de trabalho que permita às pessoas uma vida mais equilibrada e menos voltada apenas para o “bater o ponto”, ou seja, quem ganha com a nova lei é o trabalhador.

Ronald Stresser, da redação.

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