Debate acalorado, entre Graeml e Pimentel, marca disputa eleitoral em Curitiba
Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB) - Divulgação |
O primeiro debate do segundo turno entre Cristina Graeml (PMB) e Eduardo Pimentel (PSD), transmitido pela Band, foi marcado por um tom agressivo e confrontos diretos, algo incomum na política curitibana. Desde o início, Graeml adotou uma postura de ataque, focando em acusações e críticas, enquanto Pimentel, atual vice-prefeito, tentava desqualificar a adversária, destacando sua suposta falta de conhecimento sobre a cidade.
Denúncias e ataques pessoais
Cristina Graeml iniciou o debate questionando Pimentel sobre uma denúncia envolvendo um caso de extorsão de servidores públicos municipais, tema que ela mencionou várias vezes ao longo da discussão. O vice-prefeito respondeu que o servidor envolvido foi demitido imediatamente após o episódio vir à tona.
Por outro lado, Pimentel trouxe uma crítica inédita ao plano de governo de Graeml, destacando uma proposta polêmica que prevê variação na tarifa do transporte público de acordo com a distância percorrida. Segundo ele, isso penalizaria trabalhadores dos bairros mais distantes, como Tatuquara e Sítio Cercado, que pagariam mais do que moradores de áreas centrais, como o Batel. Graeml defendeu que a proposta visa beneficiar idosos no Centro, mas a justificativa reforçou a crítica de Pimentel sobre o impacto negativo nos trabalhadores da periferia.
Planos de governo e propostas
Ao longo do debate, Eduardo Pimentel tentou focar em propostas, questionando a adversária sobre temas como saúde pública e saneamento básico. No entanto, Graeml, ao ser perguntada sobre suas propostas para a área de saúde na região Sul de Curitiba, limitou-se a prometer a contratação de clínicas privadas para reduzir filas, sem maiores detalhes.
Pimentel também aproveitou a oportunidade para atacar o vice de Graeml, lembrando que ele tem uma condenação em segunda instância e enfrenta vários outros processos judiciais. Além disso, o vice-prefeito insinuou inconsistências no patrimônio declarado por Graeml à Receita Federal, sem que ela oferecesse uma resposta clara.
Transporte e meio ambiente
Quando o debate se voltou para questões de mobilidade urbana, Pimentel reiterou que a proposta de Graeml para acabar com a tarifa única no transporte público penalizaria os mais pobres. Ele defendeu a expansão de terminais e melhorias no sistema de ônibus, enquanto Graeml argumentou que sua ideia de passagem por quilômetro rodado tornaria o sistema mais justo para quem não precisa de grandes deslocamentos.
No tema ambiental, Cristina criticou a política de ônibus elétricos da atual gestão, alegando que as baterias são poluentes, e sugeriu a adoção do VLT como alternativa.
Pandemia e uso de IA no plano de governo
Um momento tenso ocorreu quando Cristina criticou o isolamento social durante a pandemia de Covid-19, afirmando que muitas pessoas morreram por não poder trabalhar. Pimentel defendeu as ações da prefeitura, mencionando a ampliação de UTIs e a distribuição de vacinas durante a crise sanitária. Em resposta, Graeml atacou, dizendo que o vice-prefeito "estava serelepe" pela cidade, enquanto os cidadãos estavam confinados.
O uso de inteligência artificial também entrou na discussão, com Pimentel lembrando que 88% do plano de governo de Graeml teria sido elaborado por sistemas de IA, o que, segundo ele, demonstra a falta de experiência da candidata em gestão pública.
Considerações finais
Cristina Graeml se apresentou como a candidata contra o sistema, reforçando sua posição de outsider e prometendo combater o que chamou de "máquina pública inchada" controlada por elites políticas. Pimentel, por sua vez, focou em apresentar-se como o candidato da paz e união, defendendo seu histórico na administração da cidade e destacando sua experiência para continuar os projetos em andamento.
O debate, que teve três blocos, serviu mais para expor as tensões entre os dois candidatos do que para trazer novas propostas concretas. O eleitorado curitibano agora terá de avaliar quem apresentou a visão mais sólida para os próximos quatro anos.
Ronald Stresser, da redação.
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