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segunda-feira, 23 de setembro de 2024

A Primavera de Vivaldi e a Curitiba para inglês ver

A Primavera, de Vivaldi – começa a estação das flores justo na reta final das eleições

 
 

"As Quatro Estações", composta por Antonio Vivaldi no início do século XVIII, é uma das mais brilhantes representações musicais das transformações da natureza. Cada concerto capta a essência de uma estação do ano, com a "Primavera" oferecendo uma explosão de cores e sons que traduzem o renascimento da vida, a promessa de novos começos. Essa obra barroca, uma das mais amadas da música clássica, nos faz lembrar que a natureza é uma eterna renovação, em ciclos que se repetem, mas nunca da mesma forma.

Em Curitiba, muitos prefeitos são lembrados por "plantar florzinhas" no centro da cidade. Por mais obras que concluam, ou grandes feitos que realizem, o legado floral persiste, como é o caso do atual prefeito, Rafael Greca de Macedo. Sua marca também certamente também será associada às flores do centro, símbolo da Curitiba que encanta turistas e embeleza cartões-postais. Mas na tradição oral, tão forte e enraizada no sul do Brasil, o que realmente permanece é o que passa de boca em boca, entre vizinhos e gerações — somos esquisitos mas somos assim e esse é o legado que vinga por gerações, carregando de orgulho e reverência o amor e respeito que temos pela nossa história, cidade e estado.

Figuras como o Requião e o Ney representam, para muitos, essa tradição robusta, enquanto outros candidatos são vistos como produto de propaganda política e símbolos do desgaste social que afeta nossa terra. Pimentel, por exemplo, é apontado como mais um que vai continuar a plantar florzinhas nos canteiros da Curitiba para "inglês ver", uma cidade retratada nas obras de Dalton Trevisan, onde a beleza superficial esconde as realidades sombrias. Afinal é para isso que, aparentemente, ele foi preparado, muito bem instruído por seus técnicos, o alcaide e o capitão-mor, curso concuído no embalo eletro-rentista das famílias multimilionárias que ele representa.

Requião, por outro lado, carrega a tradição do povo criativo e realizador da nossa cidade, com a mesma familiaridade que sinto ao ouvir "A Primavera", de Antonio Vivaldi, todos os anos na mesma época e isso desde que me conheço por gente. As flores são belas, sem dúvida, mas a realidade curitibana, longe dos jardins floridos do centro, é outra. A Curitiba que já foi "Capital Ecológica do Brasil" ficou para trás, substituída por um cenário em que as grandes corporações ditam as regras e seus moradores são reduzidos a meros espectadores, vassalos dos interesses das megacorporações.

Neste início de primavera e reta final para as eleições, considero muito pertinente a seguinte reflexão: queremos uma renovação verdadeira, que se espalhe para além do centro da cidade e alcance os bairros e a Região Metropolitana? Ou apenas mais das mesmas flores, bonitas, mas efêmeras e superficiais, enquanto a população sofre em silêncio? Reflita ouvindo essa obra magistral e eterna que é a Primavera de Vivaldi. E, a propósito, a foto que ilustra a postagem não é de Curitiba, é do Paraguai.

Ronald Stresser, editorial.

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