“Não podes saber o que não é – é impossível – nem proferi-lo; pois é um só o que pode ser pensado e o que pode existir. Como, no entanto, pode aquilo que é vir a ser? Ou como poderia ganhar existência? Se passou a ser, não é; tampouco é se vier a ser no futuro. O devir, assim, se extingue, e não se deve falar em desaparecer. Aquilo que pode ser pensado e aquilo porque o pensamento existe são o mesmo; pois não é possível encontrar pensamento sem algo que exista e a respeito do qual ele se exprime.”Eis a essência desse raciocínio: quando pensa, você pensa em algo; quando usa um nome, deve ser o nome de algo. Por conseguinte, tanto o pensamento quanto a linguagem exigem objetos que lhes sejam extrínsecos.
Uma vez que é possível pensar e falar em algo tanto num momento quanto em outro, tudo aquilo em que podemos pensar e falar deve existir em todos os tempos. Não pode haver, portanto, mudança, uma vez que a mudança consiste em coisas ganhando ou perdendo existência.
Esse é o primeiro caso, na filosofia, em que um argumento referente ao pensamento e à linguagem é aplicado ao mundo como um todo."
____
Bertrand Russell |
Bertrand Arthur William Russell, 3.º Conde Russell foi um dos mais influentes matemáticos, filósofos e lógicos que viveram no século XX.
Em vários momentos na sua vida, ele se considerou um liberal, um socialista e um pacifista. Mas, também admitiu que nunca foi nenhuma dessas coisas em um sentido profundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário