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quarta-feira, 31 de outubro de 2018

A metafísica de Parmênides – Bertrand Russell




"Parmênides divide seu ensinamento em duas partes, respectivamente denominadas “caminho da verdade” e “caminho da opinião”. (…) Eis, em seus pontos essenciais, o que se conservou de suas afirmações sobre o caminho da verdade:
“Não podes saber o que não é – é impossível – nem proferi-lo; pois é um só o que pode ser pensado e o que pode existir. Como, no entanto, pode aquilo que é vir a ser? Ou como poderia ganhar existência? Se passou a ser, não é; tampouco é se vier a ser no futuro. O devir, assim, se extingue, e não se deve falar em desaparecer. Aquilo que pode ser pensado e aquilo porque o pensamento existe são o mesmo; pois não é possível encontrar pensamento sem algo que exista e a respeito do qual ele se exprime.”
Eis a essência desse raciocínio: quando pensa, você pensa em algo; quando usa um nome, deve ser o nome de algo. Por conseguinte, tanto o pensamento quanto a linguagem exigem objetos que lhes sejam extrínsecos. 

Uma vez que é possível pensar e falar em algo tanto num momento quanto em outro, tudo aquilo em que podemos pensar e falar deve existir em todos os tempos. Não pode haver, portanto, mudança, uma vez que a mudança consiste em coisas ganhando ou perdendo existência.

Esse é o primeiro caso, na filosofia, em que um argumento referente ao pensamento e à linguagem é aplicado ao mundo como um todo."
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Bertrand Russell
Fonte: História da filosofia ocidental – Bertrand Russell

Bertrand Arthur William Russell, 3.º Conde Russell foi um dos mais influentes matemáticos, filósofos e lógicos que viveram no século XX. 

Em vários momentos na sua vida, ele se considerou um liberal, um socialista e um pacifista. Mas, também admitiu que nunca foi nenhuma dessas coisas em um sentido profundo. 


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