sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Árvores medem poluição histórica na cidade de São Paulo




Tipuanas revelam evolução da poluição ambiental em São Paulo - Pesquisadores interessados em reconstruir o histórico das concentrações de chumbo e outros metais pesados, na poluição atmosférica da capital paulista, foram buscar nas árvores os dados para seu estudo.

A análise dos dados colhidos mostra que as concentrações de chumbo no ambiente decaíram rapidamente a partir de 1989, com a proibição do uso dessa substância na gasolina. Igualmente também foi registrada queda nas concentrações de cádmio, cobre, níquel, sódio e zinco, conforme a cidade foi se "desindustrializando" nos últimos 30 anos.

Com resultados publicados na revista Environmental Pollution, a pesquisa, realizada por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), teve apoio da FAPESP por meio de um Projeto Temático, um Auxílio à Pesquisa – Regular e uma Bolsa de Pós-Doutorado.

As árvores guardam nas células um registro histórico das substâncias químicas presentes no ambiente ao longo do seu crescimento. Dessa forma, funcionam como "arquivos naturais" da qualidade do ar no local em que crescem.

Para acessar esses registros, os cientistas recolheram amostras do tronco de árvores às margens da Avenida Doutor Arnaldo, zona oeste de São Paulo, uma das ruas mais movimentadas da capital. As amostras, chamadas baquetas, são pequenos cilindros de madeira, extraídos com um broca.

"É como se tirássemos uma biópsia da árvore", explica o pesquisador Giuliano Locosselli, pós-doutorando do Instituto de Biociências da USP, para Elton Alisson, da Agência Fapesp. A espécie escolhida para retirada das baquetas (amostras) foi a tipuana, uma árvore muito comum na paisagem urbana paulista - apesar de ser originária da Bolívia -, por que ela tem anéis de crescimento muito bem definidos. 

“A tipuana se mostrou a melhor espécie de árvore para fazermos análises químicas tanto de seus anéis de crescimento anual como das cascas para avaliar a poluição ambiental da cidade”, disse Giuliano Maselli Locosselli, pós-doutorando no IB-USP e primeiro autor do estudo, à Agência FAPESP.

Cada anel corresponde a aproximadamente um ano de vida da árvore, e guarda uma amostra dos elementos químicos que ela "respirou e bebeu" naquele período, por meio de sua copa e raízes. 

Análise do material

As baquetas, coletadas na Doutor Arnaldo foram enviadas ao laboratório do Instituto de Química da Unicamp , sob a responsabilidade do pesquisador Marco Aurelio Zezzi Arruda, lá foi possível detectar e medir a presença desses seis metais pesados nas células de cada anel.

Confirmada a eficácia da técnica, os cientistas vão colher amostras para vasculhar os arquivos guardados por outras tipuanas, de diferentes regiões da cidade, para comparar os resultados e entender melhor a história desses poluentes na vida da cidade, incluindo suas origens, persistência e impacto na saúde pública. 


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Fonte: com informações de Agência Fapesp: "Árvores revelam evolução da poluição ambiental em São Paulo" - Imagem: Giuliano M. Locosselli


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