O que Tóquio, Nova York, São Francisco e São Paulo têm em comum? Fora os ares de grandes metrópoles, a poluição sonora dessas quatro cidades estão bem fora dos limites sugeridos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como adequados aos ouvidos humanos. O que parece um detalhe, camuflado a outros fatores de maior impacto social, como violência, desemprego e fome, pode sim desencadear problemas graves às comunidades a longo prazo.
Todo ruído que causa incômodo pode ser considerado poluição sonora. A noção do que é barulho pode variar de pessoa para pessoa, mas o organismo tem limites físicos para suportá-lo. Barulho em excesso pode provocar surdez e desencadear outras doenças, como pressão alta, disfunções do aparelho digestivo e insônia. Distúrbios psicológicos também podem ter origem no excesso de ruído.
A poluição sonora hoje é tratada como uma contaminação atmosférica através da energia (energia mecânica ou acústica). Tem reflexos em todo o organismo e não apenas no aparelho auditivo. Ruídos intensos e permanen-tes podem causar vários distúrbios, alterando significativamente o humor e capacidade de concentração nas ações humanas. Provoca interferências no metabolismo de todo o organismo com riscos de distúrbios cardiovasculares, inclusive tornando a perda auditiva, quando induzida pelo ruído, irreversível.
Entre os efeitos na saúde, estão perda de reflexos, irritação permanente, insegurança, embaraço nas conversações, perda de compreensão das palavras, dores de cabeça, fadiga, distúrbios cardiovasculares, distúrbios hormonais, gastrites e disfunções digestivas.
Defesa e som intrusivo
Níveis de ruído associados aos simples eventos podem criar distúrbios momentâneos dos padrões naturais do sono, por causar mudanças dos estágios leve e profundo. A pessoa pode sentir-se tensa e nervosa devido às horas não dormidas. O problema está relacionado com a descarga de hormônios, provocando o aumento da pressão sangüínea, vaso constrição, aumento da produção de adrenalina e perda de orientação espacial momentânea. Despertar de um sono depende do estágio do sono, dos horários noturnos e matinais, idade do indivíduo entre outros fatores.
Uma outra característica humana é a proteção natural aos eventos sonoros. Este se dá quando a pessoa é previamente avisada que tal ruído ou sons elevados vão acontecer. Existe uma defesa psicológica que prepara o indivíduo para a exposição, o efeito contrário se dá exatamente quando é inesperado, é o caso do ruído se apresentar quando o indivíduo encontra-se desatento ou dormindo, e comumente é considerado como som intrusivo. É extremamente desagradável, pois a pessoa é pega de surpresa e não há tempo de armar sua defesa natural. Por isso deve-se preservar o direito de descanso das pessoas quando estas dormem a fim de protegê-las dos efeitos que talvez poderão ser considerados mais delicados.
Interferência
Para Dr. Paulo Riskalla, médico especialista e gerente do Departamento de Otologia do Hospital CEMA, a audição se dá a partir da captação de fontes sonoras que são transmitidas em forma de energia elétrica, e que correm em vias auditivas até o córtex cerebral. Esse processo, se interrompido ou distorcido por ruídos, pode interferir em outros núcleos dos sentidos, como a visão, por exemplo. “O que ouvimos, ou não, atua como componentes essenciais de aprendizagem nos centros visuais de identificação, de estímulos, de associação, de prazer”.
O pesquisador explica que o nervo auditivo não é fio contínuo, e sim conglomerado de células nervosas que precisam ser preservadas uma a uma, para que não haja rompimento desse efeito de condução de energia a outras áreas nervosas, nem despotencialização da parte periférica dos sentidos.
“As emissões oto-acústicas nos permitem conduzir situações, criar cenários imaginários, nos comunicar com as pessoas, enfim, enxergar o mundo com um tom muito particular, narrado pelo outro”, revela Dr. Riskalla.
Fonte: http://www.vidaintegral.com.br | via: Dom Escobar (reprodução)
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