Um aceno que cura: a volta emocionada do Papa Francisco à Praça São Pedro
Era para ser “apenas” mais uma missa no Vaticano, uma celebração especial dentro do Jubileu dos Enfermos. Mas o que ninguém esperava era o que aconteceu ali, bem no fim, quando o inesperado rompeu o protocolo e trouxe lágrimas aos olhos de milhares de fiéis. O Papa Francisco, depois de 38 dias internado por causa de uma grave pneumonia, apareceu — de cadeira de rodas, com uma cânula no nariz, visivelmente fragilizado, mas com aquele mesmo olhar doce e firme que o mundo aprendeu a reconhecer.
Foi só um breve momento. Um aceno. Um sorriso tímido. Uma bênção rápida. Mas foi o suficiente para transformar a Praça São Pedro num mar de comoção. Quase 20 mil pessoas testemunharam esse reencontro. Muitos se ajoelharam. Outros choraram em silêncio. Alguns apenas fecharam os olhos, como quem agradece por uma presença que, por pouco, poderia ter se tornado ausência.
Francisco acompanhou a missa pela televisão, do quarto onde segue se recuperando. A celebração foi presidida pelo arcebispo Rino Fisichella, que leu a homilia preparada pelo próprio Papa — e ali estava tudo o que ele não conseguiu dizer com a voz, mas disse com o coração.
“Com vocês, irmãos e irmãs doentes, compartilho muito neste momento: a experiência da enfermidade, de me sentir frágil, de depender dos outros, de precisar de apoio”, escreveu. Palavras que tocam porque são reais. Palavras que confortam porque vêm de quem também passou pela dor.
Francisco não escondeu sua vulnerabilidade — ao contrário, fez dela uma ponte. “Nem sempre é fácil, mas é uma escola onde aprendemos a amar e a nos deixar amar, sem exigir, sem recusar, sem lamentar. Agradecidos a Deus e aos irmãos pelo bem que recebemos.”
Durante a homilia, ele falou sobre algo que muitos esquecem: Deus não se afasta nos momentos difíceis. Pelo contrário. “Na doença, Deus não nos deixa sozinhos. E se nos entregamos a Ele, onde nossas forças falham, podemos experimentar a consolação da Sua presença.”
E essa presença estava ali, viva, pulsando na fé dos peregrinos, nos gestos silenciosos dos cuidadores, no olhar cansado dos pacientes que participaram da celebração. Gente vinda de mais de 90 países: médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, voluntários, cada um com sua história entrelaçada ao cuidado com a dor do outro.
Antes de aparecer na praça, Francisco participou do sacramento da reconciliação na Basílica de São Pedro e passou pela Porta Santa — um gesto simbólico de renovação, de recomeço. Ao fim da missa, uma última mensagem sua foi lida, com um agradecimento cheio de ternura: “Do fundo do coração, o Papa agradece as orações e deseja que esta peregrinação seja rica de frutos.”
E foi. Porque às vezes um gesto basta. Um olhar. Um aceno. Uma palavra escrita à mão. Um Papa que não esconde a dor, mas a transforma em partilha. Que não finge força, mas encontra nela o espaço para amar mais e melhor.
Hoje, quem estava na Praça São Pedro saiu de lá diferente. Com o coração mais leve, talvez. Com mais fé. Com mais humanidade.
E para quem acompanhou de longe, a mensagem também chegou: até na doença, há espaço para a esperança. Até no cansaço, pode nascer algo novo. Como disse o próprio Francisco, citando Isaías:
“Vou realizar algo de novo, que já está a aparecer: não o notais?”
Sim, Papa. Notamos.
Redação com informações do Vatican News
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