Entre números, voos e destinos humanos, o maior aeroporto do Rio (GIG) entra em um novo capítulo, cercado de expectativas, disputas e a promessa de um recomeço estrutural
Por Ronald Stresser — 13 de dezembro de 2025
| O aeroporto internacional do Rio, um dos mais movimentados da América Latina, está à venda - Guilherme Amâncio/Aeromagazine |
O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão (GIG) — oficialmente Antônio Carlos Jobim — sempre foi mais do que concreto, pistas e terminais. É um lugar de encontros e despedidas, de abraços apertados e silêncios longos, de quem parte em busca de futuro e de quem retorna carregando saudade. Agora, esse espaço simbólico da cidade e do país entra em um novo e delicado capítulo da sua história: o Galeão está oficialmente à venda.
Na última quinta-feira (11), a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aprovou o edital da chamada venda assistida do aeroporto, mecanismo que busca repactuar o contrato de concessão e garantir a sobrevivência financeira e operacional do maior terminal aeroportuário do Rio de Janeiro. O documento deve ser publicado no Diário Oficial da União na próxima segunda-feira (15), abrindo caminho para um processo que mistura urgência econômica, estratégia política e expectativa social.
O leilão está marcado para 30 de março de 2026, no auditório da B3, em São Paulo, com um lance mínimo de R$ 932 milhões. O modelo adotado é um processo competitivo simplificado, pensado para atrair investidores capazes de assumir não apenas um ativo bilionário, mas também um símbolo nacional que, nos últimos anos, oscilou entre o abandono e a retomada.
A solução foi validada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e incorpora ajustes regulatórios que buscam garantir três pilares centrais: a sustentabilidade da concessão até o fim do contrato, a continuidade dos serviços e a preservação dos investimentos já realizados. Não se trata apenas de vender um aeroporto, mas de evitar que ele volte a ser um retrato do desperdício de potencial.
E os números ajudam a explicar por que o Galeão voltou ao centro das atenções. Segundo o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, o aeroporto vive uma recuperação expressiva. “Saímos, em pouco menos de dois anos, de 4,8 milhões de passageiros em 2023, e este ano vamos passar de 18 milhões”, afirmou.
O edital também estabelece mudanças estruturais importantes, como a saída da Infraero da administração do aeroporto até março de 2026 e a criação de uma contribuição variável de 20% sobre o faturamento bruto da concessionária até 2039, mantendo o interesse público vinculado ao desempenho do terminal.
Mais do que um ativo financeiro, o Galeão segue sendo um espaço profundamente humano. A venda assistida é uma aposta para que o aeroporto volte a cumprir seu papel estratégico, econômico e simbólico. Um lugar onde o código GIG represente não apenas partidas e chegadas, mas também reconstrução e futuro.
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