G20 no Rio começa com foco na Aliança Global contra a Fome e a Pobreza: adesão da Argentina marca avanços no combate às desigualdades
© FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL |
O primeiro dia da cúpula do G20 no Rio de Janeiro foi marcado pelo lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma iniciativa liderada pelo Brasil que promete acelerar a erradicação da fome e da pobreza extrema até 2030. A proposta já conta com 148 membros, incluindo 82 países e um amplo conjunto de organizações internacionais, uniões regionais e entidades filantrópicas.
A Argentina, que inicialmente hesitou em aderir, confirmou sua participação após intensas negociações conduzidas pelo Itamaraty e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O país, que enfrenta uma crise socioeconômica severa, junta-se agora aos outros 18 membros do G20, além de nações como Ucrânia, Nigéria e Colômbia, e uniões como a Europeia e a Africana.
Abertura e compromissos globais
A abertura ocorreu na manhã desta segunda-feira (18), com a presença de líderes mundiais e um discurso contundente de Lula, que destacou a urgência da ação coletiva:
“Não podemos aceitar que, em pleno século 21, mais de 700 milhões de pessoas passem fome. É uma questão de humanidade e de justiça global.”
A Aliança terá governança própria, vinculada ao G20, mas aberta a todos os países e organizações interessados. Até 2025, o Brasil dará suporte temporário às operações, enquanto o sistema de governança permanente, incluindo o Conselho de Campeões, é estruturado.
Entre as metas estabelecidas estão:
- Beneficiar 500 milhões de pessoas com programas de transferência de renda;
- Expandir refeições escolares para mais 150 milhões de crianças em países de baixa renda;
- Mobilizar bilhões em recursos por meio de bancos multilaterais e doações.
A adesão da Argentina e os desafios de Milei
A confirmação da Argentina, anunciada na tarde de segunda-feira, foi recebida como uma vitória diplomática. O presidente Javier Milei, inicialmente reticente, cedeu à pressão internacional e às dificuldades internas do país, que hoje tem mais da metade de sua população vivendo abaixo da linha da pobreza.
Nos últimos meses, cortes em programas sociais agravaram a situação dos "comedores populares", importantes para a segurança alimentar. A adesão à Aliança representa um passo para reverter essa tendência e buscar soluções em conjunto com a comunidade internacional.
Cenário global: fome e pobreza em alta
Relatórios recentes da ONU apontam um retrocesso alarmante no combate à fome e à pobreza. Em 2023, 733 milhões de pessoas passaram fome, e 1,1 bilhão viviam em situação de pobreza. Especialistas alertam que, sem ações robustas, esses números podem crescer ainda mais.
A expectativa é que os "Sprints 2030", ações de grande escala promovidas pela Aliança, ajudem a inverter essas tendências. Entre as iniciativas previstas estão a ampliação de redes de proteção social e a implementação de políticas públicas adaptadas às necessidades locais.
União e esperança no G20
O secretário-geral da ONU, António Guterres, enfatizou a importância da unidade durante a cúpula:
“O G20 precisa encontrar consensos em um mundo já fragmentado. Somente juntos poderemos combater a fome, a pobreza e as desigualdades.”
O evento, que segue até quarta-feira (20), será palco de discussões sobre outros temas prioritários, como transição energética e reforma da governança global, mas o lançamento da Aliança Global já colocou o Brasil em destaque.
Com a adesão da Argentina, o número de membros da Aliança subiu para 148, refletindo um esforço global sem precedentes para enfrentar os desafios que afetam milhões de pessoas ao redor do mundo.
Edição: Ronald Stresser
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